DPU, acionada para defender acusado por trama golpista, aponta nulidade e pede mais prazo ao STF

DPU, acionada para defender acusado por trama golpista, aponta nulidade e pede mais prazo ao STF

Sem contato com Paulo Figueiredo, DPU pede suspensão de prazo no STF para garantir defesa real e evitar nulidade

A Defensoria Pública da União (DPU) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a suspensão do prazo para apresentação da defesa prévia do jornalista Paulo Figueiredo, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento na suposta trama golpista de 2022. O motivo é a impossibilidade de contato com o acusado, que reside há dez anos nos Estados Unidos e não foi pessoalmente intimado.

A DPU argumenta que apresentar uma manifestação sem ouvir o próprio acusado violaria o devido processo legal, previsto no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, por configurar uma defesa meramente formal, desprovida de elementos concretos. “Na prática, está-se a atribuir à Defensoria Pública da União a elaboração de defesa meramente formal, que não surge do contato com o denunciado e, portanto, não constitui verdadeira defesa”, afirmou o defensor público Gustavo Zortéa.

Embora o caminho adequado para a intimação de réus residentes no exterior seja o Tratado de Assistência Legal Mútua (MLAT), que permite pedidos de cooperação entre Brasil e Estados Unidos, o ministro Moraes inicialmente optou por tentar a citação em um antigo endereço de Figueiredo no Rio de Janeiro. A diligência, no entanto, não teve sucesso. Uma oficial de Justiça descobriu que o imóvel havia sido alienado há mais de uma década. Com os dados desatualizados, Moraes autorizou a citação por edital, modalidade prevista quando se esgotam os meios ordinários para localização do acusado.

Com isso, foi determinada a nomeação de defensor público para atuar no processo. A DPU, por sua vez, entende que a situação fere o direito à ampla defesa e ao contraditório, pilares essenciais do processo penal democrático. A jurisprudência do Supremo e do Superior Tribunal de Justiça reconhece que o réu tem direito a uma defesa substancial, e não apenas simbólica — sobretudo quando envolvido em acusações de alta gravidade.

Figueiredo integra o quinto núcleo da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sendo o único acusado nesse grupo. De acordo com a acusação, ele teria usado sua influência na mídia e suposta articulação com setores militares para fomentar ataques a oficiais-generais contrários ao golpe de Estado.

Até o momento, Alexandre de Moraes ainda não decidiu sobre o pedido da DPU. Enquanto os demais núcleos da denúncia seguem com tramitação acelerada no STF — inclusive com sessões já marcadas para análise do recebimento das denúncias —, o caso de Figueiredo permanece indefinido quanto ao prosseguimento processual.

A atuação da DPU neste contexto reafirma a importância de que nenhuma condenação se construa sem a efetiva participação do acusado na defesa de seus direitos, sob pena de nulidade processual.

Leia mais

Indeferimento forçado no INSS impede apreciação de ação previdenciária, define Justiça no Amazonas

No caso concreto, a autora pretendia o reconhecimento de benefício decorrente de união estável, mas deixou de apresentar, na via administrativa, a sentença declaratória...

Prints de tela não bastam: juiz fixa que Claro não provou a dívida e autor não comprovou dano moral

Na sentença, o juiz José Renier da Silva Guimarães reconheceu a inexistência da dívida por ausência de prova da contratação, ao considerar que os...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

STJ: Para o crime de falsa identidade, basta o fornecimento de dado falso

​Sob o rito dos recursos repetitivos (Tema 1.255), a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que o delito...

Justiça pede prisão de envolvidos na morte de policial civil

O Juízo da 17ª Vara Criminal do Rio deferiu 27 mandados de prisão contra uma quadrilha que que atua no...

Câmara aprova urgência para suspender decreto do IOF

A Câmara dos Deputados aprovou, na segunda-feira (16), por 346 votos a 97, a urgência para a tramitação do projeto...

Mentir sobre a própria identidade é crime, mesmo sob alegação de autodefesa, decide STJ

Sob o rito dos recursos repetitivos, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) fixou a tese de...