Governo federal anuncia emergência de saúde Yanomami

Governo federal anuncia emergência de saúde Yanomami

O Ministério Público Federal (MPF) participou na sexta-feira (20) da instalação da Sala de Situação para acompanhar a emergência de saúde na Terra Indígena Yanomami (TIY). A medida foi anunciada pelo Ministério da Saúde em resposta às recomendações emitidas pelo MPF desde 2021.

O Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami. Foi instalado também o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE – Yanomami).

A Sala de Situação atuará no compartilhamento e monitoramento conjunto de dados e informações relacionados à TIY. Além disso, fará a coordenação e articulação da resposta à crise sanitária, da reestruturação do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, do fortalecimento da rede de serviços para atendimento dessa população e das ações intersetoriais.

Recomendações – A medida foi comunicada ao MPF em resposta à Recomendação 1/2021 e à Recomendação 23/2022. Os documentos indicavam diversas medidas ao governo federal visando a reestruturação da assistência básica de saúde prestada aos povos da Terra Indígena Yanomami.

Em novembro do ano passado, o MPF recomendou a criação de sala de situação específica para a Terra Yanomami. O objetivo do órgão ministerial era propor uma estrutura que pudesse subsidiar a tomada de decisões dos gestores e a ação das equipes locais diante da atual situação de descontrolado surto de malária e desnutrição, e da crônica falta de medicamentos, revelada pela Operação Yoasi, promovida pelo MPF e pela Polícia Federal, em novembro de 2022. A operação culminou com o afastamento de agentes públicos e responsabilização de empresários.

A recomendação sugeria ainda que a sala permaneça em funcionamento pelo menos até que sejam normalizados os estoques de medicamentos, bem como controlado o atual surto de malária e a situação crítica de subnutrição.

Garimpo – Além das ações de atendimento assistencial à etnia Yanomami, o MPF apresentou na reunião dessa sexta-feira a atuação coordenada dos procuradores da República em Roraima para o combate da atividade ilegal de garimpo no estado. O pacote de medidas é composto por dezenas de procedimentos, inclusive sigilosos.

Entre as medidas, ainda em 2020, o MPF entrou com ação na Justiça Federal de Roraima para que o poder público promovesse a completa retirada dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami (ACP 1001973-17.2020.4.01.4200). A medida já apontava a necessidade de um plano emergencial de ações para monitoramento efetivo do território.

A ação continua em tramitação e, ao longo de 2020 e 2021, recebeu reiteradas decisões liminares da Justiça Federal em Roraima, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e do Supremo Tribunal Federal (STF). As determinações, no entanto, não geraram as ações necessárias por parte dos órgãos requeridos.

O MPF também pede na Justiça a reinstalação de Bases de Proteção Etnoambiental (ACP 1000551-12.2017.4.01.4200), estruturas geridas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em parceria com forças de segurança, e que são consideradas essenciais para a fiscalização da região, dada a grande extensão e o difícil acesso em toda a terra indígena.

Em 2022, a Agência Nacional de Mineração foi alvo de recomendação e ação judicial, iniciada pelo MPF, para garantir que os valores levantados em leilão de produtos da mineração ilegal apreendidos em Roraima fossem destinados à proteção de indígenas. O pedido foi acolhido pela Justiça Federal, mas o leilão ainda não ocorreu.

No fim do ano passado, o MPF encaminhou ofício ao então governo de transição contextualizando os impactos que o garimpo gera no meio ambiente, economia e segurança locais, além da ameaça à sobrevivência de indígenas, e pediu que as ações de desintrusão fossem analisadas e priorizadas pelo governo atual.

Com informações do MPF

Leia mais

Caos aéreo: atraso de 15 horas em voo da Azul gera indenização de R$ 12 mil em Manaus

O 4º Juizado Especial Cível de Manaus condenou a Azul Linhas Aéreas ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 12...

Prisão em flagrante e testemunhos superam falhas no reconhecimento pessoal, fixa TJAM

Ainda que o reconhecimento não tenha seguido o rito previsto em lei, o tribunal considerou que ele foi corroborado por depoimentos de policiais prestados...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

CPMI recorrerá de decisão do STF sobre depoimento do “Careca do INSS”

Após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de facultar a ida à Comissão Mista Parlamentar de...

Justiça do Ceará condena plano de saúde a realizar cirurgia de mastectomia para homem trans

O Poder Judiciário cearense condenou a Amil Assistência Médica Internacional S.A. a realizar cirurgia de mastectomia bilateral masculinizadora de...

Homem que estuprou ex-companheira em Registro é condenado após denúncia do MPSP

Um homem foi condenado a 29 anos e 10 meses de prisão, em regime fechado, por manter a ex-companheira...

Comissão aprova marco legal para fortalecer o futebol feminino no Brasil

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher aprovou projeto que cria o Marco Legal do Futebol Feminino. A...