Após depoimento, senadores destacam erros na gestão da Saúde do Amazonas

Após depoimento, senadores destacam erros na gestão da Saúde do Amazonas

O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o depoimento de Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do Amazonas, permite ter a sensação de que a crise da falta de oxigênio em Manaus foi um conjunto de erros de responsabilidade dos governos locais e do governo federal. Foram mais de sete horas de depoimento à CPI nesta terça-feira (15).

Randolfe citou como exemplo a reabertura do comércio e a liberação de atividades, logo depois de um lockdown, decretado no início do ano. O senador destacou que houve uma pressão popular pela liberação das atividades, incentivada por postagens em redes sociais de políticos ligados ao governo federal. Assim, as atividades foram liberadas, mesmo com a posição contrária da Secretaria de Saúde do Amazonas.

— O depoimento de hoje só confirma que ocorreram graves irregularidades por parte do Ministério da Saúde naquele momento em Manaus — declarou o senador.

Por outro lado, Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que o depoimento de Campêlo à CPI “espanca uma das narrativas mais repetidas”: a de que o governo federal não agiu corretamente na crise de oxigênio em Manaus. Segundo o senador, a fala do ex-secretário mostra que o Ministério da Saúde atendeu às demandas do estado no dia seguinte ao pedido. Marcos Rogério ainda disse que a situação difícil da saúde no Amazonas já vinha de antes da pandemia e apontou o que chamou de falta de iniciativa do governo do estado.

— O depoimento de hoje coloca por terra toda a narrativa da oposição. A oposição mente quando tenta atribuir ao governo federal uma culpa que é do governo do estado do Amazonas e da prefeitura de Manaus — afirmou o senador.

Witzel e Wizard

Randolfe disse que recebeu a confirmação do comparecimento do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, marcado para esta quarta-feira (16), às 9h. De acordo com Randolfe, o ex-governador alega que foi vítima de perseguições políticas e é importante para a CPI saber em quais momentos ocorreram essas perseguições e a razão delas.

— Essa é uma contribuição importante que ele pode prestar à CPI. Ele terá uma oportunidade única de se defender das acusações — registrou.

O vice-presidente da comissão ainda confirmou que o empresário Carlos Wizard poderá ter o passaporte retido, se não comparecer à comissão. Wizard tem depoimento marcado para quinta-feira (17). Randolfe admitiu que existe o risco de o empresário retornar ao país somente depois de a CPI encerrar seus trabalhos. Ele apontou, porém, que as autoridades que derem sequência ao trabalho da CPI poderão dar prosseguimento aos depoimentos e, assim, Wizard teria de depor em uma ação penal.

De acordo com Randolfe, o depoimento não é o único meio de prova para a CPI. Ele lembrou que, nesta quarta-feira, haverá a votação de vários requerimentos de quebra de sigilo e o de Wizard é um deles. Randolfe ainda destacou que a CPI poderá solicitar a condução coercitiva de qualquer pessoa que se recusar a comparecer à comissão.

“Narrativas”

Em relação ao ex-governador Witzel, o senador Marcos Rogério disse torcer para que ele compareça à CPI. Witzel tenta um habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para poder ter a liberdade de decidir se comparece ou não ao depoimento. Para o senador, é importante que o ex-governador “venha à CPI, enfrente os fatos e fale a verdade”.

Marcos Rogério também disse: “pela informação que eu tenho, Carlos Wizard não comparecerá”. Segundo o julgamento do senador, é perda de tempo trazer um empresário como Wizard à CPI, pois seria uma tentativa de sustentar narrativas da oposição. Ele acrescentou que a presença do auditor Alexandre Marques, do Tribunal de Contas da União (TCU), está confirmada para quinta-feira (17). Para Marcos Rogério, porém, a vinda do auditor é “perda de foco da CPI, não acrescenta nada de relevante e só sustenta as narrativas”.

— Este tem o sido o grande mote desta CPI: a CPI das narrativas — declarou o senador.

Fonte: Agência Senado

Leia mais

Réu não intimado pessoalmente da condenação e a questão da nulidade. TJAM uniformizará entendimento

No processo penal, tratando-se de réu solto, deve ser considerado suficiente a intimação do defensor constituído ou mesmo do defensor público designado, pessoalmente ou...

Poluição sonora indicada como crime deve ser apurada se não extinto o direito de punir do Estado

A absolvição sumária prevista no artigo 397 do Código de Processo Penal ocorre apenas em casos de evidente atipicidade da conduta, causas excludentes da...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Desoneração fiscal. Entenda o imbróglio que envolve o STF, o Governo e o Legislativo

A desoneração da folha de pagamentos criada em 2011 pelo Governo Dilma é, nos dias atuais, combatido pelo Governo...

Tratamento de Saúde não pode ser interrompido pela Operadora por demissão de empregado

De acordo com uma decisão do STJ, as operadoras de saúde são obrigadas a garantir a continuidade do tratamento...

Após morte de Joca, tutores se manifestam no aeroporto de Brasília

Tutores de cães da raça golden retriever fizeram uma manifestação neste domingo (28) para defender a regulamentação do transporte...

Certidão da OAB, por si só, não comprova atividade jurídica para fins de concurso

Apresentar certidão expedida pela OAB para comprovar a existência de inscrição de profissional na entidade não é prova do...