Justiça condena município a indenizar grávida vítima de abuso sexual em hospital de Itacoatiara/AM

Justiça condena município a indenizar grávida vítima de abuso sexual em hospital de Itacoatiara/AM

A Justiça concedeu uma indenização de R$ 50 mil a uma mulher vítima de violência obstétrica ocorrida, em 2021, no Hospital Regional José Mendes, em Itacoatiara/AM. Na época com 24 anos e grávida de 16 semanas, a vítima procurou atendimento médico após sentir-se mal do estômago. Durante o procedimento, foi sedada e, ao acordar, percebeu que havia sido violentada sexualmente por um técnico de enfermagem da unidade.

A ação ingressada pela DPE-AM demonstrou que, depois do ocorrido, o Município falhou ao apurar administrativamente os fatos e a vítima precisou lidar com o trauma sem assistência. Ela foi diagnosticada com Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) decorrente da violência sexual.

“Eu me senti violada, me senti agredida, me senti sozinha, desamparada, me senti suja e ao ponto de ficar desesperada e tentar buscar ajuda. Então, eu fui até um portal da minha cidade onde denunciei o caso publicamente. E foi quando a Defensoria tomou ciência da situação e imediatamente tentou entrar em contato e se disponibilizou a ajudar. A Defensoria foi de crucial importância nesse momento tão delicado da minha vida”, relatou Joana.

A Defensoria Pública acompanha o caso desde então e tem dado todo o suporte jurídico necessário para Joana e outras vítimas de violência obstétrica no município. Por meio de audiência pública, junto com movimentos sociais, a DPE-AM denunciou a ausência de protocolos claros e exigiu providências, como apuração dos casos, além da garantia de direitos às gestantes.

Para a defensora a defensora Gabriela Gonçalves, que atuou na audiência pública e no ajuizamento da ação de danos morais, a sentença significa o reconhecimento do trauma sofrido, a negligência institucional e a responsabilidade do poder público em casos como esse.

“A trajetória da Joana me ensinou sobre coragem e resistência. Hoje, com essa sentença que reconhece — ainda que minimamente — os danos profundos que ela sofreu, temos não apenas uma vitória individual, mas mais um passo importante rumo à conscientização e à prevenção de novas violências obstétricas. É um marco de justiça e de esperança para tantas outras mulheres”, acrescenta a defensora.

Em uma ação penal paralela, o abusador foi condenado a 10 anos de prisão, mas a vítima seguia sem amparo e convivendo com as consequências psicológicas do fato. A sentença civil obtida ajuda a encerrar um ciclo de luta de Joana e da Defensoria Pública.

“Essa vitória que nós tivemos no processo civil, que foi um processo de indenização, eu sei que nunca vai compensar 100% o ocorrido, mas de certa forma traz um certo alívio e sensação de justiça feita, de não me sentir desamparada, de saber que eu não estou sozinha. A Defensoria possibilitou que a minha voz não fosse calada como tentaram. Porque tentaram calar a minha voz”, afirma a vítima.

“Uma das minhas motivações para denunciar, para prosseguir com o processo, foi justamente proteger outras mulheres, porque tenho certeza de que se isso passasse impune, ele faria outras vítimas. Então, o sentimento agora é de dever cumprido”, concluiu Joana.

Fonte: DPE-AM

Leia mais

Justiça condena empresas a devolver valor de passagem comprada com erro no nome, mas nega danos morais

O 3º Juizado Especial Cível de Manaus condenou, de forma parcial, as empresas Azul Linhas Aéreas, Gotogate Agência de Viagens e Skyscanner Brasil Tecnologia...

TJAM afasta oficial de cartório e decreta intervenção em unidade extrajudicial

A Corregedoria-Geral de Justiça do Amazonas determinou, por meio da Portaria n.º 283/2025-CGJ/AM, a intervenção no Cartório Extrajudicial do 9.º Ofício de Registro Civil...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Justiça condena empresas a devolver valor de passagem comprada com erro no nome, mas nega danos morais

O 3º Juizado Especial Cível de Manaus condenou, de forma parcial, as empresas Azul Linhas Aéreas, Gotogate Agência de...

Conselho de Ética da Câmara aplica suspensão de mandato por ofensa à honra de parlamentar licenciada

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados deliberou, nesta terça-feira (6), pela suspensão do exercício...

Corregedoria do MP do Amazonas reforça obrigação de Promotores residirem nas comarcas onde atuam

A Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) publicou nova recomendação reforçando a obrigação constitucional de que...

CGU assume processos administrativos instaurados pelo INSS

A Controladoria-Geral da União (CGU) chamou para si a responsabilidade por apurar eventuais irregularidades administrativas cometidas por 12 organizações...