Justiça manda indenizar vítima por desdobramento do assalto de ‘saidinha de Banco’

Justiça manda indenizar vítima por desdobramento do assalto de ‘saidinha de Banco’

Na via pública não é do Banco o dever de garantir a segurança da vítima de um assalto-saidinha bancária- porém, importa a vítima verificar o desdobramento do episódio  
 

É incontroverso que o crime é uma questão de segurança pública, envolvendo a responsabilidade do Estado. Entretanto, ter o assalto sido praticado fora do banco, mas dentro do espaço de suas imediações, vindo a vítima, depois do infortúnio, procurado o gerente, explicando-lhe o ocorrido, pedindo o cancelamento do cartão de débito furtado com a bolsa, sem o pronto atendimento, há desdobramento do episódio com a falta de segurança do fornecedor do produto.

Em julgado que fixa jurisprudência do Tribunal do Amazonas, decisão relatada pelo Desembargador Délcio Luís Santos, do TJAM, definiu que no caso houve a omissão do preposto da Instituição bancária que ocasionou maiores prejuízos ao cliente.

O Banco efetuou cobranças do empréstimo indevido que foi realizado levianamente pelos  meliantes que se apossaram do cartão da vítima, com tempo suficiente para cometerem um novo delito, sobrevindo a posterior negativação do nome do autor pela própria instituição financeira ante o não pagamento das parcelas do empréstimo ilícito. Foram fixados R$ 10 mil para compensar os danos do consumidor.  

O Tribunal decidiu afastar a condenação do Banco apelante ao pagamento de indenização por danos materiais de R$ 1.460,00 e danos morais relacionados ao primeiro evento danoso- o assalto em via pública. 

Contudo, reconheceu a responsabilidade do Banco pela conduta inadequada de sua funcionária, que se recusou a cancelar o cartão de débito subtraído, resultando em um empréstimo fraudulento.

Definiu-se no caso que, apesar da vítima ter contribuído para o dano ao portar a senha do cartão na bolsa furtada, a prova demonstrou que ela tentou cancelar o cartão por telefone uma hora após o roubo, mas continuou sendo cobrada pelo empréstimo fraudulento. Ordem judicial detemrinou o cancelamento do contrato. 

Processo: 0603218-98.2020.8.04.0001 

Leia a ementa:

Apelação Cível / EfeitosRelator(a): Délcio Luís SantosComarca: ManausÓrgão julgador: Segunda Câmara CívelCâmara Cível/AmazonasRecurso de ApelaçãoEmenta: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. ASSALTO OCORRIDO EM VIA PÚBLICA APÓS REALIZAÇÃO DE SAQUE EM AGÊNCIA BANCÁRIA. “SAIDINHA DE BANCO”. RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NÃO CONFIGURADA NESTE PONTO. PRECEDENTE DO STJ. PEDIDO DE CANCELAMENTO DO CARTÃO EFETUADO LOGO APÓS O ASSALTO. RECUSA. EMPRÉSTIMO EFETUADO PELOS CRIMINOSOS. AUSÊNCIA DE RESTITUIÇÃO DOS RESPECTIVOS VALORES. INSCRIÇÃO EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA CONFIGURADA NESTE PONTO. DANOS MORAIS IN RE IPSA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 

 

Leia mais

Construtora deve indenizar por infiltrações não aparentes em imóvel entregue, decide Justiça do Amazonas

A Justiça do Amazonas condenou, solidariamente, a Gonder Incorporadora Ltda. e a Construtora Aliança Ltda. ao pagamento de indenização de R$ 52.300,00 a duas...

INSS não pode negar auxílio a segurado com lombalgia relacionada ao trabalho, decide juiz no Amazonas

Mesmo diante de incapacidade parcial e possibilidade de reabilitação, é devida a concessão de auxílio-doença acidentário quando comprovado o nexo entre a patologia e...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Juíza aplica Teoria do Desvio Produtivo em condenação por descontos em aposentadoria

A obrigação implícita de um fornecedor de produtos ou serviços é liberar os recursos produtivos do consumidor para que...

Petrobras deve indenizar filha de vigilante morto em tentativa de assalto

Uma empresa deve responder objetivamente pelo dano sofrido pelo trabalhador que exercia atividade de risco elevado. Com esse entendimento,...

Entenda como fica o IOF após derrubada de decreto

A derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)  provocou a terceira mudança nas alíquotas em pouco...

Operação El Patrón: ministro anula relatórios pedidos diretamente ao Coaf e as provas derivadas

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Joel Ilan Paciornik considerou inválidos os relatórios do Conselho de Controle...