Segurança prestada pela Polícia Militar a ex-Governadores do Amazonas é declarada inconstitucional

Segurança prestada pela Polícia Militar a ex-Governadores do Amazonas é declarada inconstitucional

O Tribunal Pleno da Corte de Justiça local decidiu à unanimidade de votos declarar inconstitucional a lei que autorizava àqueles que exerceram o cargo de Governador, mesmo cessado o mandato, o direito ao serviço de segurança prestado pela Polícia Militar. Desta forma, a Lei nº 2.456/1999 foi julgada ofensiva a princípios basilares da Constituição, fazendo-se cessar o benefício a ex-agentes políticos e seus familiares, especialmente os que exerceram o cargo, hoje, na qualidade de ex-governadores. A decisão, sob a relatoria de Lafayette Carneiro Vieira Júnior denominou que o diploma dito viciado por inconstitucionalidade criou privilégio desarrazoado, antieconômico e desprovido de interesse público. 

Princípios da moralidade administrativa, impessoalidade e do interesse público foram nominados como agredidos ante a vigência da lei 2.456/1999, que dispôs sobre o serviço de segurança a ex-Governadores do Estado. Deu-se, assim, provimento a ação que foi ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas. 

O Relator, Lafayette Carneiro Júnior observou que tanto a Constituição da República, quanto a do Estado do Amazonas, trazem a definição do conceito de segurança pública, e neste contexto há o interesse público evidenciado pelo âmbito coletivo do interesse fundamental da segurança, direito de todos e dever do Estado, que não se harmoniza com a lei combatida. 

A lei denotava, ilicitamente, a instituição de um sistema de segurança privado, custeado pelos cofres púbicos, destinada não só ao ex-governadores, mas também aos seus familiares, firmou o Relator, o que corresponderia à violação de princípios constitucionais, em verdadeira burla ao interesse público, o que não é tolerável, arrematou o julgado.  Conferiu-se, portanto, ao caput do artigo 1º da lei 2.546/1999, interpretação conforme, estabelecendo-se que a prestação dos serviços de segurança a ex-governadores do Estado fica limitada ao final do mandato subsequente, enquanto não regulamentada a norma, consoante precedente do STF.

Processo nº 4001339-84.2013.8.04.0000

Leia o acórdão:

Pleno Processo nº 4001339-84.2013.8.04.0000Arguente:Procurador Geral de Justiça do Estado do Amazonas – MP/AM Relator:Desembargador Lafayette Carneiro Vieira Júnior. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONAL IDADE COM PEDIDO CAUTELAR– LEI ESTADUALNº 2.546/1999– SERVIÇO DE SEGURANÇAA EX-GOVERNADORES- DESCOMPASSO COM OS PRINCÍPIOS REPUBLICANOS DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA,IMPESSOALIDADE, RAZOABILIDADE,INTERESSE PÚBLICO,E EFICIÊNCIA,TODOS EXPRESSOS NA CARTA MAGNA DE 1988 – OFENSA AOS ARTS. 2º, 17, 48, 104, 109 E 114 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO AMAZONAS – VÍCIO MATERIAL CARACTERIZADO – AÇÃO JULGADA PROCEDENTE,PARA CONFERIR AO CAPUT DO ART. 1º DA LEI IMPUGNADA,INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO, NO ASPECTO TEMPORAL. PRECEDENTES DO STF.

Leia mais

Justiça do AM anula cassação de aposentadoria fundada em motivo inexistente; Estado deve indenizar

A 1ª Vara da Fazenda Pública de Manaus condenou o Estado do Amazonas a pagar indenização por danos morais e proventos retroativos a um...

Erro que sustentou denúncia por 17 anos obriga Estado a indenizar réu absolvido no Amazonas

Uma acusação instaurada por erro reconhecido pela própria Polícia Federal em 2006 sustentou por 17 anos um processo penal que terminou em absolvição por...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

TJSP amplia intimações por meio do WhatsApp

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) segue com a ampliação do uso do WhatsApp para envio de...

Com ata publicada, STF se aproxima da ordem de prisão de Bolsonaro

O Supremo Tribunal Federal (STF) publicou nesta segunda-feira (17) a ata do julgamento em que a Primeira Turma rejeitou...

Transtorno de pânico justifica falta de trabalhador à audiência

A 11ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região acolheu recurso de trabalhador e decretou nulidade de...

TRT-GO condena consórcio de obras em Anápolis a indenizar trabalhador por racismo

Um apontador de obras contratado por um consórcio de empreiteiras para acompanhar a produção dos funcionários na construção de...