A discussão sobre os limites institucionais para responsabilização de autoridades voltou ao centro do debate jurídico-político no Congresso. Em resposta à necessidade de uniformizar critérios objetivos para o processamento de pedidos de impeachment, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deve votar nesta quarta-feira (10) o projeto que atualiza a legislação sobre o tema.
A iniciativa surge em um momento de tensão entre Legislativo e Supremo, após mudanças recentes no entendimento sobre quem pode provocar o procedimento.
A pauta foi definida pelo senador Otto Alencar, que incluiu o texto como primeiro item da sessão. A movimentação ocorre dias após decisão liminar do ministro Gilmar Mendes, que restringiu ao procurador-geral da República a legitimidade para apresentar pedido de impeachment contra ministros do STF.
A determinação produziu reação imediata no Senado, especialmente por parte de parlamentares que defendem regras mais amplas de acesso ao processo de impedimento, conforme previsto originalmente na Constituição.
Relator da proposta, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) adiantou que o parecer reorganiza a legitimidade ativa. Pelo texto, poderão apresentar pedidos de impedimento a OAB, o procurador-geral da República, partidos políticos e grupos de cidadãos reunidos por meio de abaixo-assinado equivalente a 1% do eleitorado nacional, entre outros. A atualização alcança não apenas ministros do Supremo Tribunal Federal, mas também demais autoridades submetidas ao rito constitucional de responsabilização.
Atualmente, qualquer cidadão pode protocolar pedido de impeachment no Senado. A proposta em análise busca estabelecer parâmetros mais claros para admissibilidade, rito processual e competência institucional, reforçando o papel da Casa na condução desses procedimentos.
O texto será apresentado aos líderes partidários antes da votação, que pode redefinir o alcance democrático e os limites jurídicos da responsabilização de autoridades dos três Poderes.
