Judiciário do Amazonas reage contra a Proposta do Governo Federal que planeja conter supersalários

Judiciário do Amazonas reage contra a Proposta do Governo Federal que planeja conter supersalários

Em nota  divulgada na noite desta quinta-feira (5), o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), por meio de sua presidente, desembargadora Nélia Caminha Jorge, expressou profunda preocupação com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2024. A proposta, que visa restrições orçamentárias no funcionalismo público, incluindo a proibição de pagamento de verbas indenizatórias que extrapolem o teto remuneratório, suscita questionamentos sobre seus impactos no funcionamento do Judiciário brasileiro, em especial, defendeu a Desembargadora, com as condições peculiares da Justiça do Amazonas. 

A principal crítica do TJAM à PEC é a falta de estudos técnicos e debates prévios que embasem tais mudanças estruturais. A proibição das verbas indenizatórias, de acordo com a Nota do TJAM, pode afetar diretamente a substituição e a cooperação entre magistrados e servidores em comarcas e varas desprovidas de servidores, com prejuízos diretos sobre a prestações dos serviços do Judicário  nas regiões onde a distribuição de pessoal é complexa devido às características geográficas e logísticas.

Essa realidade, de acordo com a presidência do TJAM, demanda soluções específicas que não podem ser ignoradas por políticas de abrangência nacional.

A nota também chama atenção para um problema alarmante: quase 29% dos magistrados do Estado do Amazonas já preenchem os requisitos para aposentadoria. Caso a estrutura remuneratória seja abruptamente alterada, o índice de aposentadorias antecipadas pode crescer significativamente, gerando um efeito cascata que obrigará o Judiciário a realizar novos concursos públicos e a recrutar servidores para suprir a defasagem. Paradoxalmente, essas soluções contrariam o próprio objetivo da PEC, que é a de reduzir os gastos públicos.

A Presidência do TJAM também reforçou seu alinhamento com o Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça (Consepre), destacando a necessidade de um diálogo institucional efetivo entre os Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo. A Desembargadora enfatiza sua preocupação  com a ausência de um debate amplo sobre as particularidades de tribunais estaduais, como o do Amazonas, e coloca em evidencia o risco de adoção de medidas que, longe de resolverem os problemas orçamentários, podem agravar a precariedade na prestação jurisdicional.

De acordo com a Nota, em um estado com 62 municípios espalhados por uma região de dimensões continentais, as dificuldades de acesso e a carência de infraestrutura tornam indispensável uma estrutura remuneratória que estimule a permanência de magistrados e servidores em suas funções. A atual modelagem das verbas indenizatórias é, segundo o TJAM, essencial para que o Judiciário continue atendendo às necessidades da população amazonense.

A Nota do TJAM reforça  a importância de um diálogo mais aprofundado sobre a PEC 45/2024. Para o TJAM, em vez de soluções genéricas, é crucial que o Legislativo e o Executivo considerem as especificidades regionais e as consequências reais de tais mudanças. Como bem destacou a desembargadora Nélia Caminha Jorge, é urgente evitar que as alterações propostas comprometam a missão essencial do Judiciário: garantir justiça e cidadania a todos os brasileiros, independentemente de onde estejam.

Leia mais

Justiça reconhece falha da SES e garante reajustes e promoção a servidora da saúde no Amazonas

Decisão do TJAM reforça que servidor não pode ser prejudicado por atraso do governo em realizar avaliação de desempenhoO Tribunal de Justiça do Amazonas...

STF confirma exigência de procuração específica para sindicato sacar verbas trabalhistas no Amazonas

Com a decisão, o Ministro Cristiano Zanin, do STF, confirmou decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região.  A atuação legítima dos sindicatos em...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

STJ mantém multa de R$ 86 milhões contra Vale por dificultar fiscalização em Brumadinho

​A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, manteve a decisão da Controladoria-Geral da União (CGU)...

Justiça reconhece falha da SES e garante reajustes e promoção a servidora da saúde no Amazonas

Decisão do TJAM reforça que servidor não pode ser prejudicado por atraso do governo em realizar avaliação de desempenhoO...

TRF6 condena União e Minas Gerais por adoções ilegais e fixa indenização de quase R$ 2 milhões

Em uma decisão histórica e emblemática para a proteção dos direitos humanos no Brasil, a Justiça Federal em Minas...

STF confirma exigência de procuração específica para sindicato sacar verbas trabalhistas no Amazonas

Com a decisão, o Ministro Cristiano Zanin, do STF, confirmou decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região.  A...