Alterna-se o governo e os governantes, mas, afora a ideologia apontada como sistema de administrar, os métodos dessa administração mudam apenas o rótulo que dá nome ao pacote de medidas que modulam o jogo político e se mantém o mesmo toma lá dá cá. Não é diverso o sistema de Lula em relação à Bolsonaro, que tanto foi criticado pelo orçamento secreto. O Governo Lula está mantendo uma relação com o Congresso que em muito se assemelha ao tão combatido orçamento secreto, sem transparência pública. Bilhões de reais serão transferidos do caixa federal para aumentar a base de apoio, sem que, na transferência desses recursos, seja nominado o parlamentar que será beneficiado pela emenda.
As verbas, quando liberadas, terão como justificativa a pavimentação de ruas, construção de rodovias, compra de equipamentos de interesse público e até razões de saúde, porém, não há isonomia nessa distribuição, que terá como elemento móvel o apoio político desejado pelo Executivo, em negociação direta com os congressistas.
Libera-se dinheiro público indiscriminadamente e a desculpa é sempre a mesma: a de que há um padrão de lei orçamentária adotada há anos pelo Congresso. Tanto quanto o orçamento secreto de Bolsonaro, essa nova modalidade implantada pelo governo Lula não dará ao cidadão o direito de consultar os nomes dos parlamentares beneficiados pelos recursos distribuídos. O interesse público passa bem distante, importa cumprir o interesse de aumentar o número de aliados no Congresso.