Cobrança de IPTU é anulada por falta de previsão da planta de valores do terreno em lei municipal

Cobrança de IPTU é anulada por falta de previsão da planta de valores do terreno em lei municipal

Decisão da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), em julgamento da apelação cível nº 0634882-50.2020.8.04.0001, atendeu a recurso do autor e anulou a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) nos exercícios de 2015 e 2016, devido a falta de planta genérica de valores.  O recurso foi interposto contra sentença que havia rejeitado o pedido de repetição de indébito referente ao imposto pago nesses anos.

A Planta Genérica de Valores de Terrenos, conhecida pela sigla PGV, consiste na planta do perímetro urbano do município onde estão plotados os valores de mercado do metro quadrado de terrenos, em cada face de quadra, devidamente homogeneizados em relação aos seus  diversos atributos e referentes a uma mesma data. Esse documento não atendeu ao Município de Manaus no caso concreto. 

O ponto central da discussão era a ausência da Planta Genérica de Valores (PGV) na lei municipal que instituía a base de cálculo do IPTU, estando o referido elemento previsto apenas em decreto.

Segundo o relator, desembargador João de Jesus Abdala Simões, o princípio da legalidade tributária, estabelecido pelo artigo 97, IV, do Código Tributário Nacional (CTN), exige que a base de cálculo dos tributos seja fixada exclusivamente por lei. No caso, a Lei Municipal nº 1.628/2011 não incluía a PGV, o que comprometia a validade da cobrança do imposto.

A irregularidade foi corrigida apenas em 2016, com a promulgação da Lei Municipal nº 2.192/2016, que passou a prever a PGV na legislação. Até então, a cobrança do IPTU, baseada em um decreto (Decreto Municipal nº 1.539/2012), feriu o princípio da legalidade.

Com essa decisão, a Terceira Câmara Cível reconheceu a nulidade da cobrança do IPTU referente aos anos de 2015 e 2016, determinando a restituição dos valores pagos indevidamente pelo contribuinte. A tese fixada pelo TJAM estabelece que a alteração da base de cálculo do IPTU por decreto é inválida, sendo imprescindível a previsão da PGV por meio de lei. 

Com o acórdão foi fixada a seguinte tese: A base de cálculo do IPTU deve ser fixada por lei, sendo inválida sua alteração por decreto. A ausência de previsão legal da Planta Genérica de Valores inviabiliza a cobrança do tributo nos exercícios de 2015 e 2016.

APELAÇÃO CÍVEL N. 0634882-50.2020.8.04.0001

Leia mais

Por ofensas em júri contra advogada, promotor recorre ao STF para fixar julgamento no TJAM

O promotor de Justiça aposentado, Walber Luís Silva do Nascimento, propôs Reclamação Constitucional ao Supremo Tribunal Federal (STF) buscando garantir o prosseguimento, no Tribunal...

Erro no nome de passageiro, não corrigido pela aérea, revela falha de serviço, fixa Justiça no Amazonas

A Justiça do Amazonas reconheceu o direito de um passageiro menor de idade à retificação de seu nome em bilhete aéreo internacional, diante de...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Por ofensas em júri contra advogada, promotor recorre ao STF para fixar julgamento no TJAM

O promotor de Justiça aposentado, Walber Luís Silva do Nascimento, propôs Reclamação Constitucional ao Supremo Tribunal Federal (STF) buscando...

Hospital deve pagar danos morais e pensão a paciente vítima de erro médico

A 2ª Vara Federal de Pelotas (RS) condenou um hospital, localizado no referido município, por erro médico durante cirurgia...

Comissão aprova inclusão de QR code em carteira de identificação de pessoa com autismo

A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei...

Residências com pessoa com deficiência terão desconto na conta de luz, aprova Comissão

A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou projeto que inclui famílias...