Ausência de Bolsonaro e de Tarcísio desmobiliza base; líderes tentam sustentar atos com Lei Magnitsky e pauta de anistia.
Em meio à série de restrições impostas pelo STF ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo uso de tornozeleira eletrônica e proibição de sair de casa aos fins de semana, apoiadores organizam manifestações nacionais neste domingo (3), sob o mote “Reaja, Brasil”, com base na recente sanção financeira aplicada pelo governo dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, no âmbito da chamada Lei Magnitsky.
A decisão americana, que responsabiliza Moraes por supostas violações de direitos humanos, foi articulada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e tornou-se a principal bandeira do bolsonarismo em 2025. No entanto, há temor de esvaziamento dos atos, em razão da ausência do próprio Bolsonaro, impedido de discursar ou gravar vídeos por decisão judicial, e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que se submeteu a procedimento médico.
Organizadores tentam mitigar o desânimo com presença de parlamentares como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que discursarão ao lado do pastor Silas Malafaia na avenida Paulista, considerada o principal polo da mobilização.
A pauta da militância segue centrada na defesa de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” — por meio de projeto em tramitação na Câmara — e no impeachment de Moraes pelo Senado, ambas consideradas medidas de baixa viabilidade política. Além disso, os manifestantes devem direcionar críticas aos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, e ao presidente Lula, responsabilizado pela imposição tarifária de Donald Trump a produtos brasileiros.
O deputado Eduardo Bolsonaro, que permanece no exterior e está proibido de manter contato com o pai por decisão do STF, afirmou que o objetivo da sanção internacional foi atingido, mas que novas medidas contra autoridades brasileiras podem ser articuladas. Em suas palavras, “a vitória não é o fim de nada, é o começo de várias batalhas”.
Apesar da tentativa de nacionalizar os protestos e descentralizar lideranças, o desgaste progressivo da base e a ausência de figuras centrais colocam em dúvida a eficácia da mobilização, especialmente em um momento em que a oposição aposta mais em pressões externas do que em avanços legislativos concretos.