CNJ intensifica preparos para edição do mês nacional do Júri em 2025

CNJ intensifica preparos para edição do mês nacional do Júri em 2025

Representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do Ministério Público e da Defensoria Pública dos estados da Bahia, Pernambuco e Amapá se reuniram nesta quarta-feira (27) para identificar os maiores entraves no julgamento de crimes contra vida pelos tribunais do júri.

O objetivo da reunião, conduzida pelo conselheiro José Rotondano, presidente da Comissão Permanente de Justiça Criminal, Infracional e de Segurança Pública, foi preparar as instituições para a edição deste ano do Mês Nacional do Júri, que acontece em novembro, além de compartilhar boas práticas que possam ser replicadas em todo o país.

Para a edição deste ano do Mês Nacional do Júri foi definida, pela Portaria n. 242/2025, como prioridade o julgamento dos crimes dolosos contra a vida de crianças (infanticídio) e mulheres (feminicídio), processos antigos — com mais de cinco anos de tramitação sem desfecho, e crimes envolvendo policiais. Pouco mais de 90 mil ações são enquadradas nesse perfil, segundo o Mapa Nacional do Tribunal do Júri.

“A sociedade tem uma expectativa legítima de que a Justiça dê respostas rápidas e eficazes aos crimes contra a vida. Essa é uma das entregas mais sensíveis do Judiciário, que envolve não apenas instituições, mas também a população, que é quem sofre a violência e quem julga os seus pares”, afirmou Rotondano.

Os números revelam o tamanho do desafio: cerca de 210 mil processos aguardam julgamento nos tribunais do júri. Apenas entre janeiro e agosto deste ano, foram julgados 43.406 casos.

Mutirão nos estados

Na Bahia, o Ministério Público garantiu que não haverá cancelamentos por falta de promotores. O projeto “BA + Júri”, coordenado por Luís Henrique Araújo, tem sido crucial para mudar a cultura de adiamentos que historicamente marcava o estado. “A Bahia enfrenta altos índices de violência. O Tribunal de Justiça reconheceu sua responsabilidade e se comprometeu a julgar todas as ações penais envolvendo crimes contra a vida”, declarou Araújo.

Os resultados já aparecem: de janeiro a agosto, foram realizadas 1.050 sessões de júri. A meta é alcançar 1.500 até o fim do ano. A desembargadora Maria de Lourdes Medauar, idealizadora do projeto, destaca a importância da celeridade. “Julgar com rapidez é essencial para garantir a confiança da população. Com o tempo, provas se perdem e a Justiça pode falhar em sua missão”, afirmou.

No Amapá, a realidade é diferente. Segundo a juíza Lívia Simone Oliveira de Freitas Cardoso, 70% dos casos em Macapá ainda estão na fase sumária — etapa preliminar que avalia se há elementos suficientes para levar o caso ao júri. Para comarcas com esse perfil, o mês de novembro será dedicado à análise e estruturação dos processos.

Em Pernambuco, o Tribunal de Justiça aposta em planejamento estratégico e parcerias institucionais. O desembargador Mauro de Alencar Barros destaca o papel da articulação entre Judiciário, Ministério Público, Defensoria e governo estadual: “A logística é complexa, mas o sucesso depende da união entre as instituições.”

Realizado anualmente em novembro, o Mês Nacional do Júri é uma iniciativa que reforça o compromisso do Judiciário com os direitos humanos e a duração razoável dos processos. Os julgamentos são conduzidos por um juiz e sete jurados, que compõem o Conselho de Sentença.

Ao final da mobilização, os tribunais devem enviar ao CNJ relatórios com dados e dificuldades enfrentadas, contribuindo para o aprimoramento contínuo da política criminal no país.

Fonte CNJ

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