Crimes contra Jornalistas e Transfobia estão na pauta de Observatório CNJ e CNMP

Crimes contra Jornalistas e Transfobia estão na pauta de Observatório CNJ e CNMP

O Observatório de Causas de Grande Repercussão, que reúne o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), decidiu incluir, entre os casos que serão acompanhados, os processos de transfobia e os casos de crimes dolosos cometidos contra jornalistas. A decisão foi anunciada ontem, quinta feira, durante reunião de seus integrantes, na sede do CNMP, em Brasília, a pedido de Rosa Weber, a presidente do CNJ. 

Entre os casos de grande repercussão que estão na pauta do Observatório, inclui-se o do assassinato do jornalista Valério Luiz, ocorrido em 2012, e o da jovem trans Laura Vermont, morta por cinco homens, em São Paulo.

O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, de acordo com o Dossiê: Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). A inclusão desses casos para acompanhamento do Observatório foi feita a pedido da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, ministra Rosa Weber.

O processo relativo ao assassinato de Laura Vermont tramita na 1ª Vara do Júri do Foro Central de São Paulo (TJSP). No julgamento, ocorrido em maio deste ano, o Tribunal do Júri absolveu dois dos cinco homens que espancaram a jovem e condenou outros três acusados por lesão corporal leve. O Ministério Público recorreu da condenação e apontou parcialidade do juiz e dos jurados.

Intolerância e crimes
O secretário-geral do CNJ, juiz Gabriel Matos, explicou que a inclusão desses processos para acompanhamento pelo Observatório se justifica por serem casos que simbolizam graves agressões às pessoas, somados intolerância de gênero ou à liberdade de imprensa.

Também foi determinado o acompanhamento de casos de homicídios ocorridos em operações policiais ou estabelecimentos penais. Um deles diz respeito ao processo indicado pela Defensoria Pública da União (DPU) sobre o desaparecimento de sete presos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC) em 2017. Quando desapareceram do presídio, os sete detentos estavam sob custódia do governo de Roraima.

A informação divulgada à época pelo governo local era de que os presos haviam fugido por um buraco na parede da cela onde estavam. A versão dos familiares dos detentos, no entanto, afirma que eles foram retirados à força de dentro da penitenciária. O caso foi apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a fim de pedir continuidade às investigações pelo Estado Brasileiro até que os detentos sejam localizados ou que o local onde seus cadáveres possam ter sido ocultados seja encontrado. O inquérito está sendo investigado pela Polícia Civil do Estado, e a Defensoria Pública já pediu a federalização da investigação.

Jornalistas
O Observatório também vai acompanhar o processo relativo aos assassinatos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo, ocorrido em Atalaia do Norte (AM), em junho de 2022.

Outros 18 processos que estão em andamento nos tribunais relativos a crimes violentos cometidos contra jornalistas foram selecionados pelo grupo. A maioria dos crimes (15) ocorreram em cidades do interior dos estados. Há outros 24 crimes semelhantes em situação de inquéritos policiais que podem vir a ser acompanhados pelo Observatório posteriormente.

O colegiado também acompanha, entre outros, processos referentes ao rompimento de barragens em Brumadinho e em Mariana (MG) e os casos da Chacina de Unaí (MG), do incêndio na Boate Kiss (RS) e de Autazes (AM), além de ações sobre direitos dos povos indígenas, encaminhadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao CNJ.

Observatório
Composto por conselheiros e integrantes do CNJ, do CNMP e das entidades parceiras, o Observatório de Causas de Grande Repercussão atua em questões de grande complexidade e repercussão que tramitam no Judiciário brasileiro, buscando contribuir com a verificação de eventuais entraves estruturais que impeçam a esperada celeridade no andamento e nas análises de maneira transparente e imparcial. Um portal público está sendo consolidado e reunirá informações relativas aos casos acompanhados pelo Observatório.

Também participaram da quarta reunião: o conselheiro do CNJ Giovanni Olsson, o secretário Especial de Programas, Pesquisas e Gestão Estratégica (SEP) do CNJ, Ricardo Fioreze, juízas auxiliares do CNJ e membros do CNMP, além de promotores do órgão. Representando a Defensoria Pública da União (DPU), participou o defensor Ronaldo de Almeida Neto. A previsão é que a próxima reunião do grupo ocorrerá em agosto, na sede do CNJ.

Leia mais

TOI presume recuperação de consumo legítima, afirma Amazonas Energia ao recorrer

A Amazonas Distribuidora de Energia sustenta em recurso ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) que o Termo de Ocorrência e Inspeção (TOI) goza...

Plano de saúde é condenado a pagar R$ 15 mil por negar tratamento oncológico no Amazonas

A edição da Lei nº 14.454/2022 consolidou o dever das operadoras de saúde de custear tratamentos prescritos pelo médico assistente, ainda que não constem...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

TOI presume recuperação de consumo legítima, afirma Amazonas Energia ao recorrer

A Amazonas Distribuidora de Energia sustenta em recurso ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) que o Termo de...

Plano de saúde é condenado a pagar R$ 15 mil por negar tratamento oncológico no Amazonas

A edição da Lei nº 14.454/2022 consolidou o dever das operadoras de saúde de custear tratamentos prescritos pelo médico...

Descredenciamento de hospital sem aviso prévio gera dever de indenizar, fixa Justiça do Amazonas

A Justiça do Amazonas reafirmou que planos de saúde não podem excluir hospitais da rede credenciada sem comunicar previamente...

Justiça determina que Município de Anori instale gerador em hospital no prazo de 30 dias

O Juízo da Vara Única da Comarca de Anori, no interior do Amazonas, determinou que o Município adote todas...