Implantação da Procuradoria de Defesa da Democracia movimenta trabalhos na AGU

Implantação da Procuradoria de Defesa da Democracia movimenta trabalhos na AGU

As reuniões dos eixos temáticos do Grupo de Trabalho que estão auxiliando a Advocacia-Geral da União (AGU) na regulamentação da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD) tiveram início nesta segunda-feira (6). Pela manhã, alguns representantes do subgrupo 1 se reuniram por videoconferência para debaterem o tema “Democracia, Integridade da Ação Pública e Legitimação dos Poderes”.

Para iniciar aos trabalhos, o coordenador do grupo, o procurador-geral da União, Marcelo Eugênio Feitosa, agradeceu a participação de todos os representantes. “Essa palavra inicial será sempre, claro, de agradecimento pela disponibilidade de todos de contribuir aqui para a construção dessa nossa estrutura”, disse. “Aquele primeiro encontro foi a hora que a PGU falou e agora o GT é para ouvir as contribuições de todos vocês e dentro de uma metodologia que a gente possa ter o máximo de funcionalidade”.

O coordenador do GT explicou que dentro da PNDD existirão duas coordenações: uma coordenação geral que atuará na defesa da democracia, de uma forma mais defensiva, e uma coordenação de representação de agentes públicos. Ele explicou que a representação de agentes públicos já é regulamentada e que, assim, o escopo do GT girará em torno da coordenação geral de democracia defensiva e do que cabe à Procuradoria-Geral da União.

O subgrupo foi dividido em mesas para facilitar as discussões. Posteriormente, os participantes se reuniram em uma mesma sala online, denominada plenária, para apresentarem as principais contribuições. O subgrupo conta com 32 participantes ao todo.

As mesas trabalharam a partir de questionamentos envolvendo, entre outros, a “integridade da ação pública” e as “situações práticas que demandariam a defesa por parte da AGU”. Discutiram, ainda, o impacto dos fenômenos inautênticos e ilegítimos na disseminação de informações, inclusive quando essas desinformações são utilizadas para atacar agentes públicos e inviabilizar atuações públicas.

As colocações dos representantes na reunião do GT são apenas reflexões que ainda serão melhor analisadas ao longo dos trabalhos.

Na plenária, a advogada da União Rebeca Leão explicou que um dos desafios para regulamentação da procuradoria é justamente entender os casos em que a União tem interesse em atuar em nome próprio na preservação dos Poderes Públicos. “Atualmente, a AGU já faz a representação de agentes públicos, que já é regulamentada quando há a uma ofensa direta à integridade do agente público, um dano material, quando ele precisa também de uma representação da AGU”, lembrou.

Para a socióloga e professora Flavia Rios, que participou dos debates, a atuação é possível “quando diz respeito à função do agente, exclusivamente à função e ao exercício do agente e não do agente em sua integridade subjetiva”.

O professor Juraci Mourão sugeriu que é necessário entender os casos dentro de um contexto mais amplo, a partir de um conjunto de fatores, sempre partindo dos princípios e valores constitucionais. “Devemos analisar as circunstâncias que isso acontece, a potencialidade dos atos atingirem esses objetivos danosos e as motivações”, sugeriu. “Por isso, a gente tinha sugerido que essas circunstâncias que autorizassem a AGU fossem identificadas principalmente através de pareceres, em que todos esses elementos podem ser analisados do concreto para que possa ser reproduzido no futuro”, explicou.

A professora Flavia Rios acrescentou que é necessário o estabelecimento explícito de critérios restritivos e condicionantes para atuação da AGU. “Critérios que envolvam motivação, contexto e efeito. Sobretudo no efeito e impacto, que me parece ser de maior prioridade”, pontuou.

O professor Marcelo Catoni lembrou que a própria política pública pode ser objeto de ataque direto. “A própria ação pública pode ser ameaçada por práticas desde desinformação a uma série de práticas que não se caracterizam como debate público, justamente porque visam a desinformação, a disseminação de informações falsas, a descaracterização da própria ação política como tal. Não é apenas a instrumentalização dos agentes, mas a garantia da preservação da própria ação política”, ponderou.

As discussões do eixo temático 1 continuarão em mais duas oportunidades em março, nos dias 9 e 13. Também estão previstas duas reuniões para o eixo temático 2, que abordará o tema “Democracia e Representação de Agentes Públicos” nos dias 10 e 17 de março; e três reuniões para o subgrupo 3, que aborda o “Democracia, Desinformação e Políticas Públicas”, nos dias 14, 15 e 16.

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