O Ibama deu um passo importante para o futuro da energia limpa no Brasil: liberou a primeira licença prévia para um projeto de energia eólica offshore, ou seja, com turbinas instaladas no mar. O projeto vai ser construído na costa do Rio Grande do Norte, entre 15 e 20 quilômetros do município de Areia Branca, e será o primeiro do tipo no país.
Essa primeira instalação ainda é pequena — terá só duas turbinas e capacidade de gerar 24,5 megawatts. Mas, como explicou o Senai do Rio Grande do Norte, que lidera a iniciativa, a ideia é usar esse projeto-piloto para desenvolver tecnologias, atrair investimentos e preparar o Brasil para entrar de vez na geração de energia eólica no mar, como já acontece em países da Europa.
O diretor do Senai-RN, Rodrigo Mello, comemorou a conquista: “Hoje é um dia simbólico para uma indústria que ainda não existe no Brasil, mas que deve crescer muito nas próximas décadas”.
A licença prévia não autoriza a construção imediata, mas permite que o projeto avance. O Senai vai agora procurar empresas parceiras por meio de um edital previsto para o fim de julho. A expectativa é que as turbinas comecem a funcionar em até três anos.
Segundo os responsáveis pelo projeto, a energia gerada deve abastecer o Porto-Ilha de Areia Branca, por onde escoa a maior parte do sal produzido no Brasil.
Atualmente, o Ibama analisa mais de 100 pedidos de licenciamento de projetos eólicos offshore. Mas muitos estavam travados à espera da aprovação da lei que regula esse tipo de energia, o que só aconteceu no fim de 2024. Apesar disso, a nova lei causou polêmica, porque o Congresso incluiu “jabutis” que favorecem outros setores e podem encarecer a conta de luz. O presidente Lula chegou a vetar esses pontos, mas o Congresso derrubou o veto — inclusive com apoio de parlamentares do próprio PT.
Mesmo com o cenário internacional indicando uma certa desaceleração nos investimentos em eólica offshore, por causa do aumento de custos, o setor no Brasil aposta que esse tipo de energia tem futuro. O ex-senador Jean Paul Prates, autor do projeto de lei, disse que a nova tecnologia deve crescer muito nas próximas décadas.
Agora, o governo ainda precisa definir qual agência vai cuidar dos leilões e da fiscalização. Prates sugere que a ANP cuide dos leilões e a Aneel fique com a fiscalização. Enquanto isso, o projeto-piloto vai ajudar a testar e ajustar a regulação dessa nova fronteira da energia limpa no Brasil.
Ibama libera primeira licença para energia eólica no mar no Brasil
Ibama libera primeira licença para energia eólica no mar no Brasil
