Deixar de pagar verbas remuneratórias a servidor viola a legalidade administrativa

Deixar de pagar verbas remuneratórias a servidor viola a legalidade administrativa

O Desembargador Anselmo Chíxaro, do Tribunal de Justiça do Amazonas, definiu que a conduta do ente público em não efetuar o pagamento de verba remuneratória de servidor configura ilícito que transpassa a ilegalidade, pois é ato imoral. Não se cuida apenas de violação de princípios constitucionais , como o da legalidade, mas é ato que atinge a dignidade da pessoa humana, além de agredir a moralidade pública. A decisão foi preferida em recurso de apelação do Município de Coari contra sentença que determinou a indenização da servidora pública Suzete Pacheco, reconhecendo o ato ilícito do Executivo Municipal na omissão do pagamento de direitos sociais e trabalhistas à funcionária. 

Na sentença, o juízo, na origem, considerou que o fato de o ente público não proceder ao pagamento das verbas remuneratórias devidas a servidor contraria expressamente violação a dever legal imposto ao administrador em fazer ordenar as despesas previstas em orçamento anual, em violação à legalidade administrativa. Afora a condenação ao cumprimento do dever legal, o município foi também condenado ao desembolso de verbas referentes a danos morais causados a servidora. 

No recurso, o Município levou a Justiça o entendimento de que não haveria sustento jurídico ao abalo moral indicado na condenação, e alegou que houve atrasos no salário que não comportariam os danos infligidos, especialmente ante a ausência de critérios objetivos que dessem ensejo aos danos ditos existentes na decisão atacada. 

Concluiu-se que houve ausência de pagamento de direitos e não atrasos, como pretendido no recurso. “A conduta do ente publico em não efetuar o pagamento de verba remuneratória de servidor configura ato ilícito, ilegal e imoral, de modo a caracterizar a sua culpa e o nexo entre a sua ação e o dano”, finalizou o julgado, mantendo a sentença em seus fundamentos, dando-se novos contornos aos valores definidos na origem, sob o manto jurídico da razoabilidade e proporcionalidade. 

Processo nº 0000324-50.2020.8.04.3801

Leia a ementa:

Apelação Cível, 1ª Vara de CoariApelante : Município de Coari. Relator: Anselmo Chíxaro. Revisor: Revisor do processo Não informadoProcesso sem Acórdão, ou Acórdão não está vinculado em uma sessão de julgamento com a situação julgado. DECISÃO: “ ‘EMENTA: RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA C/C COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DE REMUNERATÓRIA. SERVIDOR PÚBLICO. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR. ATO ILÍCITO. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR ARBITRADO EM DESCONFORMIDADE COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.

 

 

Leia mais

Cumprimento de liminar não encerra processo

O cumprimento de uma liminar, ainda que satisfaça temporariamente o pedido da parte, não extingue o interesse processual. O entendimento foi firmado pela Terceira...

Sem violação das normas federais recurso não altera reclassificação de antiguidade de servidor, fixa STJ

A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) que reconheceu parcialmente o direito de...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

“Tremembé”, nova série brasileira, revela os bastidores da prisão dos crimes que pararam o Brasil

A nova série brasileira “Tremembé”, lançada pelo Prime Video na última sexta-feira (31), vem ganhando vem ganhando destaque pelos...

Decorrido 120 dias de afastamento do magistrado, é inadequado o uso do MS contra ato do CNJ

STF reafirma que o prazo decadencial do art. 23 da Lei 12.016/2009 é contado da ciência do ato coator,...

Cumprimento de liminar não encerra processo

O cumprimento de uma liminar, ainda que satisfaça temporariamente o pedido da parte, não extingue o interesse processual. O...

Sem violação das normas federais recurso não altera reclassificação de antiguidade de servidor, fixa STJ

A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) que...