STM vai decidir sobre a aplicação de ANPP a réus civis e convida sociedade para debater

STM vai decidir sobre a aplicação de ANPP a réus civis e convida sociedade para debater

O Superior Tribunal Militar (STM) admitiu o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR 7000457-17.2023.7.00.0000) sobre a aplicabilidade dos institutos do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) e do Sursis processual a réus civis na Justiça Militar da União (JMU).

O IRDR foi proposto pela ministra do STM Maria Elizabeth Rocha e admitido pelo plenário da Corte em 29 de novembro de 2023. O objetivo é uniformizar o entendimento da Justiça Militar da União (JMU) quanto ao cabimento de ambos os institutos.

Como o tema é relevante não apenas para a Justiça Militar da União, a ministra do STM convida os interessados na matéria a participar do debate, na modalidade de intervenção de terceiros do amicus curiae, conforme os artigos 138 e 983 do Código de Processo Civil.

Amicus curiae ou amigo da corte ingressa no processo com a função de fornecer subsídios ao órgão julgador conforme o art. 138 do CPC-2015, pelo qual o juiz ou o relator do processo, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema ou a sua repercussão social, poderá solicitar ou admitir a participação no feito de pessoa física ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada.

O que é o instituto de Acordo de não Persecução Penal (ANPP)?

O Acordo de não Persecução Penal pode ser definido como uma espécie de negócio jurídico pré-processual entre o Ministério Público (MP) e o investigado, assistido por seu defensor. Nele, as partes negociam cláusulas a serem cumpridas pelo acusado, que, se cumpridas, será favorecido pela extinção da punibilidade.

O acordo está previsto no artigo 28-A do CPP: “Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a quatro anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.

Este instituto foi uma das principais inovações inseridas no Código de Processo Penal (CPP) pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime), mas, como a legislação penal militar é lei específica, em tese, o ANPP não seria aplicado na Justiça Militar da União segundo o enunciado de nº 18 da Súmula do STM. Todavia, alguns juízes da Justiça Militar da União, em sede de primeiro grau, têm homologado a sua aplicação após pedido do Ministério Público Militar.

O que é suspensão condicional do processo ou sursis processual?

A suspensão condicional do processo, o Sursis processual, também ostenta a qualidade jurídica de negócio jurídico processual e é tratado no artigo 89 da Lei n° 9.099/95: “Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena”.

No entanto, consoante o art. 90-A da Lei n° 9.099/95, o Sursis processual tem aplicação vedada na seara da Justiça Militar da União (STM), mas, da mesma forma que o Acordo de Não Persecução Penal-ANPP, há registros de juízes da Primeira Instância aplicando o sursis.

Frutos do fenômeno da justiça penal consensual, entre os dois institutos há uma relação de grau: o Sursis processual com incidência aos crimes de menor potencial ofensivo, já o ANPP, sobre os delitos de médio potencial ofensivo.

Em atenção aos preceitos dos arts. 979 e 983 do CPC-2015, órgãos e entidades com interesse na controvérsia e com representatividade adequada estão convidados a participar da discussão, fazendo-se necessário para isso a devida manifestação do interessado junto aos autos.

Com informações STM

Leia mais

MPAM fiscaliza política de transporte aquaviário de animais domésticos em Manicoré

As quatro empresas que operam transporte de lancha no trecho Manicoré-Manaus e Manaus-Manicoré estão sob investigação do Ministério Público do Amazonas (MPAM). O motivo...

DPE-AM garante apoio jurídico a crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual

A Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) realizou, na última quinta-feira (22), uma série de atendimentos jurídicos na Casa da Esperança, espaço de acolhida e...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

MPAM fiscaliza política de transporte aquaviário de animais domésticos em Manicoré

As quatro empresas que operam transporte de lancha no trecho Manicoré-Manaus e Manaus-Manicoré estão sob investigação do Ministério Público...

DPE-AM garante apoio jurídico a crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual

A Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) realizou, na última quinta-feira (22), uma série de atendimentos jurídicos na Casa da...

Amazonas é condenado a pagar pensão e R$ 50 mil por morte de preso no Compaj

O juiz Leoney Figliuolo Harraquian, da 4ª Vara da Fazenda Pública de Manaus, condenou o Estado do Amazonas ao...

STJ rejeita pedido da defesa e mantém João Branco, narcotraficante do Amazonas, em presídio federal

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu não conhecer do Habeas Corpus nº 1004107, impetrado pela defesa de João...