“Não quero dinheiro, eu quero é a senhora”: STJ mantém prisão de condenado por estupro no Amazonas

“Não quero dinheiro, eu quero é a senhora”: STJ mantém prisão de condenado por estupro no Amazonas

Fala do réu à vítima reforçou gravidade concreta dos fatos e justificou custódia cautelar desde a audiência de custódia até a sentença condenatória, definiu o Ministro Messod Azulay Neto, do STJ 

“A senhora me reconheceu, pois agora eu vou lhe estuprar e vou lhe matar… não quero dinheiro, eu quero é a senhora, pois faz muito tempo que eu lhe desejo.”
Com essas palavras — ditas sob ameaça de faca, durante a invasão noturna à casa da vítima — o réu foi condenado por estupro no Amazonas, permanecendo preso desde a audiência de custódia.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por decisão do Ministro Messod Azulay Neto, manteve a custódia cautelar ao rejeitar Recurso Especial interposto pela defesa, que alegava falta de fundamentação para a prisão.

A decisão reforça que não é necessária fundamentação exaustiva na sentença quando permanecem válidos os fundamentos anteriores da prisão preventiva, especialmente quando baseados em conduta violenta e periculosidade concreta.

Contexto e histórico processual
Segundo os autos, o réu E.P.L, invadiu a residência da vítima durante a madrugada e a surpreendeu no próprio quarto, segurando-a, rasgando suas vestes, apalpando-a e ameaçando estuprá-la sob o uso de arma branca. O crime não se consumou apenas porque a vítima conseguiu gritar por socorro, o que fez o agressor fugir do local.

A prisão em flagrante foi convertida em preventiva com base na gravidade do ato, nos riscos à ordem pública e na forma como o crime foi executado. A sentença condenatória reafirmou os fundamentos da prisão, destacando o trauma imposto à vítima e o risco de reiteração criminosa.

TJAM e STJ mantêm decisão de primeiro grau
A decisão foi mantida em segunda instância pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), que também rejeitou a aplicação da atenuante de confissão, por ausência de colaboração do réu, e negou a tese de tentativa, entendendo que o crime de estupro se consuma com atos libidinosos.

Ao analisar o Agravo em Recurso Especial, o STJ concordou com a fundamentação do TJAM, reafirmando jurisprudência consolidada: a prisão preventiva pode ser mantida na sentença sem nova fundamentação exaustiva, desde que os fundamentos anteriores — como a gravidade concreta dos fatos — permaneçam válidos e estejam devidamente expostos nos autos.

“A sentença reafirmou os fundamentos do decreto preventivo ao argumento de que os requisitos para a custódia estavam preenchidos. A gravidade concreta da conduta e a periculosidade do agente justificam a custódia cautelar, para a garantia da ordem pública”, afirmou o relator.

 AREsp 2749580/AM

Leia mais

Justiça aplica multa de R$ 100 mil ao Amazonas por descumprir sentença sobre humanização do parto

A Justiça Federal no Amazonas determinou a aplicação de multa de R$ 100 mil ao governo estadual pelo descumprimento de sentença que impunha a...

MP aponta quebra de isonomia e recomenda cancelamento de pregão em Coari

O Ministério Público do Amazonas (MPAM) recomendou que a Câmara Municipal de Coari anule o Pregão Eletrônico n.º 003/2025, que tinha como objetivo contratar...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Justiça aplica multa de R$ 100 mil ao Amazonas por descumprir sentença sobre humanização do parto

A Justiça Federal no Amazonas determinou a aplicação de multa de R$ 100 mil ao governo estadual pelo descumprimento...

Em Tefé, DPE realiza palestra sobre o projeto “Meu Pai Tem Nome” voltada a estudantes do ensino médio

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) realizou, na última quinta-feira (21), uma palestra para os alunos da...

MPAM firma acordo judicial para estruturar Conselho Tutelar de Fonte Boa

Representado pela Promotoria de Justiça de Fonte Boa, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) obteve importante avanço na defesa...

Polícia prende, em Olinda, suspeito de ameaçar influenciador Felca

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na manhã desta segunda-feira (25), um homem suspeito de fazer ameaças ao influenciador Felipe...