Isaac Nogueira Ferreira foi absolvido da acusação injusta de ter matado Francisco da Frota Filho no município de Coari, distante 373 quilômetros de Manaus. Durante julgamento do Tribunal do Júri, a defesa provou que ele não tinha relação com o crime e que a acusação foi baseada em uma coincidência e um interrogatório obtido de forma ilegal, sob tortura. O homem foi assistido pela Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM).
“A acusação se baseava na confissão extrajudicial feita pelo acusado no inquérito policial. Ele foi abordado no hospital de Coari após sofrer um acidente de caça. Quando acordou, foi abordado pelos policiais que procuravam alguém que tivesse ferimento no braço, pois, segundo a vítima sobrevivente, um dos autores do crime estava com um ferimento no braço”, explicou o defensor público Ian Palmeira.
O caso aconteceu em junho de 2009 em uma embarcação próxima à cidade de Coari. Isaac foi acusado de ser um dos dois homens que abordaram o barco onde estava a vítima e mais duas pessoas. Francisco foi morto a tiros e teve o corpo jogado no rio. A namorada dele foi agredida e se jogou na água para se proteger. Ela relatou aos policiais que um dos autores do crime tinha um ferimento no braço.
O processo correu por mais de 16 anos e o réu chegou a ficar preso injustamente por dois anos.
“Eu sou muito grato à Defensoria por ter resolvido esse caso de muitos anos. Já eram muitos anos sem esclarecer. Foi uma fase da minha vida em que eu fui acusado injustamente por uma coisa que eu não fiz. Eu fui torturado, fui humilhado. Eu dormi algemado na grade. Então, foi uma coisa muito triste ter que aceitar passar esses anos todos preso”, lamentou Isaac.
A DPE-AM contestou a acusação comprovando que não havia nada que pudesse, de fato, incriminar o assistido. Além disso, foi apontado erro na identificação do acusado e que, desde o início dos interrogatórios, não houve nenhuma outra linha de investigação.
“A atuação da Defensoria no caso foi essencial para a busca da verdade, da justiça, em favor do senhor Isaac. Ele enfrentou uma acusação muito séria de ter participado de um crime muito pesado, ter invadido uma embarcação, ter assassinado uma pessoa por motivo de vingança e, mediante pagamento, ter jogado um corpo no rio. E essa acusação pairou na vida dele durante muito tempo”, disse o defensor.
Isaac chegou a enfrentar uma série de dificuldades financeiras por causa das acusações infundadas. “O senhor Isaac é uma pessoa extremamente humilde, que tem dificuldade em acessar o mercado de trabalho, não completou os estudos, uma pessoa do interior daqui de Coari. Essa situação se agrava ainda mais pelo fato dele ter respondido por essa acusação de homicídio durante tanto tempo. Então, a Defensoria Pública era o único refúgio que ele tinha para buscar”, concluiu.
*Recomeço*
Com a absolvição garantida pela DPE-AM, Isaac vai poder começar no novo emprego que conseguiu recentemente. Ele foi chamado para trabalhar na limpeza de tubulação do gasoduto Coari-Manaus.
“Deus sabe o que faz e foi resolvido. Glória a Deus! Estou muito feliz. Eu estou consertando minha vida. Com certeza, amanhã, já vou me matricular para terminar meus estudos. E, agora, só tenho a agradecer a Deus e à Defensoria por ter resolvido esse caso. Amém, muito obrigado!”, agradeceu Isaac.
Foto: Chico Batata/ TJAM
Fonte: Comunicação Social da DPE-AM