Banco deve indenizar quando fornece crédito diverso do pretendido por cliente

Banco deve indenizar quando fornece crédito diverso do pretendido por cliente

O Desembargador Lafayette Carneiro Vieira Júnior, do Tribunal de Justiça, no exame de ação consumerista movida contra uma instituição bancária, definiu que a ausência de transparência quanto à clareza do contrato firmado entre os interessados seja matéria a ser enfrentada em favor da parte frágil na relação jurídica estabelecida. Ainda que haja um instrumento contratual apresentado pelo Banco, há que ser verificado se o cliente foi informado detalhadamente acerca do negócio entabulado, especialmente se esse contrato se cuidar de um cartão de crédito consignado, que deve ser explicitado em suas minúcias à parte que pretenda assumi-lo como obrigação. Concluiu-se que esses imperativos não se fizeram presente entre o BMG e a cliente Ester Gusmão, e que o banco deve indenizar. 

A autora teve julgada improcedente o pedido de que esse contrato foi inválido, ante a falta de clareza quanto ao seu assentimento, porque o subscreveu com a certeza de que estaria assumindo um contrato de consignado comum, autorizando descontos diretamente em sua folha de pagamento. Uma circunstância que restou favorável a autora foi o fato de que recebeu o cartão de crédito consignado do Banco, mas sequer o desbloqueou. 

Há diferenças entre o contrato de cartão de crédito consignado e o empréstimo consignado comum. O acórdão concluiu que compete à instituição financeira realizar de forma clara e objetiva a distinção entre a modalidade de crédito que esteja oferecendo, esclarecendo as vantagens e desvantagens dessas modalidades. Todas as informações devem ser prestadas, o que não restou comprovado nos autos. 

“A falta de informação adequada acabou por onerar de forma exorbitante a consumidora, a configurar nítida falha na prestação dos serviços, na razão da ausência de clareza das  cláusulas do contrato celebrado”. O acórdão julgou procedente a ação da consumidora, anulou o contrato, determinando a compensação dos valores descontados indevidamente  e ficando danos morais. 

Processo nº 0685180-46.2020.8.04.0001

Leia o acórdão:

Processo: 0685180-46.2020.8.04.0001 – Apelação Cível, 1ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho. Apelante : Ester Santana Gusmao. Advogada : Williane Wanessa Queiroz Cavalcante (OAB: 8489/AM).Apelado : Banco Bmg S/A Relator: Lafayette Carneiro Vieira Júnior. Revisor: Revisor do processo Não informadoEMENTA: EMENTA – AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO – INSTITUIÇÃO BANCÁRIA ALEGA REGULARIDADE NA CONTRATAÇÃO – FALHA NO DEVER DE INFORMAÇÃO – AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES CLARAS SOBRE A MODALIDADE DA CONTRATAÇÃO OFERTADA – APLICAÇÃO DAS TESES N.º 01 E 02 DO IRDR TEMA 05 – SUBTRAÇÃO DO CONTRACHEQUE DA AUTORA – DANOS MATERIAIS – CONVERSÃO PARA CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO CONFORME TESE N.º 6 DO IRDR – DEVIDA A COMPENSAÇÃO DOS VALORES – DANOS MORAIS CONFIGURADOS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA. . DECISÃO: “ ‘EMENTA: EMENTA – AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO – INSTITUIÇÃO BANCÁRIA ALEGA REGULARIDADE NA CONTRATAÇÃO – FALHA NO DEVER DE INFORMAÇÃO – AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES CLARAS SOBRE A MODALIDADE DA CONTRATAÇÃO OFERTADA – APLICAÇÃO DAS TESES N.º 01 E 02 DO IRDR TEMA 05 – SUBTRAÇÃO DO CONTRACHEQUE DA AUTORA – DANOS MATERIAIS – CONVERSÃO PARA CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO CONFORME TESE N.º 6 DO IRDR – DEVIDA A COMPENSAÇÃO DOS VALORES – DANOS MORAIS CONFIGURADOS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

 

Leia mais

STJ concede habeas corpus a réu condenado por estupro no Amazonas por omissão em julgamento de recurso

Corte reconheceu omissão do TJAM ao deixar de analisar fundamentos da defesa em embargos de declaração, como cerceamento de testemunhas e valoração da prova....

Comprovação de requisitos legais garante posse a comprador de imóvel leiloado pela Caixa

Após enfrentar resistência dos ocupantes, comprador que comprovou todos os requisitos legais da arrematação em leilão da Caixa tem posse do imóvel garantida pela...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Comissão aprova alerta em bulas e embalagens sobre descarte correto de remédios

A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que exige que embalagens e bulas de...

Justiça reconhece discriminação em demissão após opinião sobre conflito no Oriente Médio

A 15ª Vara do Trabalho de São Paulo-SP condenou empresa de tecnologia a pagar indenização por danos morais no...

STF decide que PIS/Cofins integram base de cálculo da contribuição previdenciária sobre receita bruta

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é válida a inclusão dos valores relativos ao PIS e à Cofins...

Consumidora que pagou R$ 262 por 3 iPhones perde ação na Justiça

Uma moradora da Capital acreditou ter encontrado uma oferta irresistível: três iPhones por apenas R$ 262,35 — o equivalente...