A Polícia Federal identificou movimentações de cerca de R$ 30 milhões nas contas bancárias de Jair Bolsonaro (PL) entre março de 2023 e fevereiro de 2024. A análise, baseada em dados do Coaf, foi anexada ao inquérito que apura suspeitas de obstrução de justiça no julgamento da chamada trama golpista, investigação que levou ao indiciamento do ex-presidente e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Movimentações financeiras
Segundo o relatório, mais de R$ 19 milhões chegaram às contas do ex-presidente via Pix, distribuídos em 1,2 milhão de transações. O PL, partido de Bolsonaro, aparece como o principal pagador identificado, com transferências que somaram R$ 291 mil. Os maiores desembolsos, por sua vez, foram para bancar honorários advocatícios, no total de R$ 6,6 milhões.
A PF registrou ainda: repasses de Bolsonaro para Eduardo, incluindo R$ 2 milhões em maio de 2025; transferência de R$ 2 milhões à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, realizada em 4 de junho de 2025, véspera de depoimento na própria investigação; uso de contas de esposas de Eduardo para mascarar valores recebidos; saques em espécie que somaram R$ 130 mil em sete meses, considerados atípicos pela polícia.
Suspeitas e defesa
Para a PF, os dados sugerem indícios de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais, com uso de artifícios para dissimular origem e destino de recursos e sustentar atividades ilícitas no exterior.
Em depoimento, Bolsonaro alegou que as transferências foram abastecidas por campanhas de doação de apoiadores. Sua defesa afirmou ter recebido com “surpresa” a notícia do indiciamento e negou descumprimento de medidas cautelares. Eduardo Bolsonaro, em nota, classificou as acusações como “crime absolutamente delirante”.
PF aponta movimentação de R$ 30 milhões em contas de Bolsonaro em um ano
PF aponta movimentação de R$ 30 milhões em contas de Bolsonaro em um ano
