Advogada aponta retrocesso em ameaça ao protocolo de gênero

Advogada aponta retrocesso em ameaça ao protocolo de gênero

No mês em que o Brasil reforça o combate à violência contra a mulher, por meio da campanha Agosto Lilás, um tema urgente e preocupante mobiliza juristas e defensores dos direitos humanos: o possível fim do protocolo de julgamento com perspectiva de gênero.

A advogada amazonense Caroline Frota, especialista em Direito Penal com atuação voltada à proteção dos direitos fundamentais, se posiciona contra o Projeto de Decreto Legislativo 89/2023, que tramita na Câmara dos Deputados e visa sustar a Resolução 492/23 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A medida, caso aprovada, poderá comprometer a obrigatoriedade do uso da perspectiva de gênero nos julgamentos brasileiros.

Para Caroline, a revogação do protocolo representaria um grave retrocesso jurídico e institucional, desconsiderando desigualdades históricas que impactam diretamente o acesso das mulheres à Justiça.

“Tratar igualmente quem vive realidades desiguais é perpetuar injustiças. A perspectiva de gênero busca garantir equidade, paridade e justiça efetiva nos julgamentos, principalmente em casos que envolvem violência doméstica, feminicídio, guarda de filhos, assédio ou desigualdade patrimonial”, destaca.

A Resolução 492/23 do CNJ determina que juízes e magistradas considerem fatores de gênero em suas decisões, conforme já orientado pela jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O protocolo também cumpre acordos internacionais assumidos pelo Brasil para combater a violência de gênero e proteger os direitos humanos das mulheres.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024), mais de 1.400 mulheres foram vítimas de feminicídio no país apenas no ano passado. “Num cenário tão alarmante, o mínimo que se espera é um Judiciário atento à realidade das vítimas. Julgar com perspectiva de gênero não é ativismo, é cumprir a Constituição”, ressalta a advogada.

Caroline Frota também reforça que o protocolo não interfere na imparcialidade dos julgamentos. “O que se busca é qualificar a análise dos fatos, considerando os contextos em que as mulheres vivem, e não favorecer um gênero em detrimento do outro. Isso é uma medida técnica e jurídica, que visa aprimorar a aplicação da lei com sensibilidade e responsabilidade”, explicou.

A proposta de sustação da resolução já preocupa entidades jurídicas, defensores de direitos humanos e especialistas em gênero. A expectativa é que o CNJ, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional reconheçam a importância do protocolo como uma ferramenta que fortalece o Estado Democrático de Direito.

Assessoria de Imprensa Caroline Frota

Leia mais

Unidade móvel da Justiça Itinerante atende na Delegacia da Mulher do Parque Dez, em Manaus

Em alusão aos 19 anos da Lei Maria da Penha, celebrados no próximo dia 7 de agosto, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM)...

CGJ-AM lança cartilha com orientações para enfrentamento da litigância abusiva

A Corregedoria-Geral de Justiça do Amazonas (CGJ-AM) lançou esta semana uma cartilha com orientações para o enfrentamento da litigância abusiva. A publicação faz parte...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Unidade móvel da Justiça Itinerante atende na Delegacia da Mulher do Parque Dez, em Manaus

Em alusão aos 19 anos da Lei Maria da Penha, celebrados no próximo dia 7 de agosto, o Tribunal...

Justiça suspende atividades de mineradora por extração ilegal de diamantes no Amazonas

A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal suspendeu as atividades da empresa MHX Serviços de Mineração...

STJ divulga lista de expositores da audiência que discutirá cobertura de bomba de insulina por plano de saúde

O ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), divulgou o quadro de habilitados para participar...

CCJ começa análise de 13 indicações para Judiciário e CNMP nesta quarta

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) receberá nesta quarta-feira (6), a partir de 9h, os relatórios sobre indicações...