Tráfico de pessoas: MPF propõe e acompanha ações penais para punir responsáveis

Tráfico de pessoas: MPF propõe e acompanha ações penais para punir responsáveis

Em todo o mundo, o mês de julho é marcado por ações para conscientizar a sociedade sobre uma das mais graves violações de direitos humanos: o tráfico de pessoas. No Brasil, o enfrentamento desse tipo de crime tem sido uma das prioridades de atuação do Ministério Público Federal (MPF). Atualmente, o órgão atua em 72 ações penais que buscam a condenação de pessoas pela prática do delito, previsto no artigo 149-A do Código Penal. Os números referem-se a processos em curso na primeira (60) e segunda instâncias (12) da Justiça Federal. Outras 188 investigações estão em curso, entre inquéritos policiais (148) e procedimentos extrajudiciais (40).

Os dados fazem parte de levantamento realizado pela Câmara Criminal do MPF (2CCR) na semana do Dia Mundial e Nacional de Enfrentamento do Tráfico de Pessoas, celebrado em 30 de julho. Instituída pela Assembleia-Geral da ONU em 2013, a data foi oficializada no país pela Lei 13.344/2016, que também alterou o Código Penal brasileiro para incluir o artigo 149-A. De acordo com o dispositivo, o crime de tráfico de pessoas abrange múltiplas condutas e pode ter finalidades diversas, como a remoção de órgãos, o trabalho escravo, a adoção ilegal e a exploração sexual.

Ainda segundo a lei, o delito é cometido por quem agencia, alicia, recruta, transporta, transfere, compra, aloja ou acolhe a pessoa traficada, com uso de ameaça, violência, coação, fraude ou abuso. A pena varia de 4 a 8 anos de prisão, além de multa. O MPF é responsável por investigar e propor ações penais quando o crime é transnacional ou envolve a redução à condição análoga à escravidão.

Coordenador da Câmara Criminal (2CCR) do MPF, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos destaca que o crime de tráfico de pessoas envolve fatores econômicos, sociais, culturais e psicológicos, estando associado, com frequência, ao trabalho análogo à escravidão. Nesse sentido, ele frisa o esforço da instituição para ampliar a participação de procuradores do MPF nas operações realizadas pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel, coordenado pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência.

Somente no primeiro semestre deste ano, o MPF participou de 18 operações de resgate a vítimas de trabalho escravo. O número é equivalente ao total registrado durante todo o ano de 2021. Já no ano passado, 28 operações contaram com a presença de procuradores da República. “O combate à escravidão contemporânea é uma prioridade para a 2CCR, que tem atuado de maneira incansável para aprimorar a persecução penal desse tipo de crime, lamentavelmente ainda muito comum no país”, afirmou Santos.

O esforço intensificado nos últimos anos tem dado resultado. Atualmente, o MPF atua, somente na primeira instância, em 432 processos judiciais relacionados aos crimes de redução à condição análoga à de escravo, frustração de direitos trabalhistas e aliciamento de trabalhadores, previstos nos artigos 149, 203 e 207 do Código Penal, respectivamente.

Com informações do MPF

Leia mais

Justiça autoriza adolescente a viajar sozinha para representar o Amazonas em evento nacional

A Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) garantiu autorização judicial para que uma adolescente de 15 anos, moradora de Manacapuru, pudesse viajar desacompanhada até Brasília...

Justiça garante gratificação de curso a investigador da PC/AM e afasta exigência de vínculo com a função

A exigência de pertinência temática entre o título acadêmico e o cargo público para concessão de gratificação funcional, quando ausente previsão legal expressa, configura...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Moraes mantém prisão do general Braga Netto

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (16) manter a prisão do general...

Juiz critica criminalização de piadas, absolve réu e alerta sobre o perigo do punitivismo estatal

Em sentença proferida no dia 8 de julho, o juiz André Luiz Rodrigo do Prado Norcia, da 3ª Vara...

STJ valida Defensoria como assistente de acusação em feminicídio, mesmo atuando também na defesa do réu

Defensoria Pública pode atuar para réu e vítima em feminicídio, decide STJ, desde que profissionais sejam distintos e haja...

STJ: Quitação total é requisito para transferência de imóvel, ainda que existam parcelas prescritas

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que, para um comprador de imóvel obter na Justiça a transferência da...