Professor Eros Grau ministra palestra pela Escola de Aperfeiçoamento do Servidor

Professor Eros Grau ministra palestra pela Escola de Aperfeiçoamento do Servidor

“Por que tenho medo dos juízes”, título de obra de Eros Roberto Grau, foi o tema da palestra do autor ministrada de forma remota na manhã desta segunda-feira (09/08), sob coordenação da Escola de Aperfeiçoamento do Servidor do Tribunal de Justiça do Amazonas. O palestrante iniciou sua participação de cerca de 90 minutos no evento que reuniu servidores e magistrados do TJAM.

Conhecido por sua atuação no Supremo Tribunal Federal, o professor Eros Grau abordou termos como enunciado, texto normativo, interpretação e aplicação da norma jurídica, deixando claro seu posicionamento positivista no mundo jurídico. Para ele, o Legislativo produz o texto normativo e os juízes fazem a norma jurídica, como intérpretes que têm o poder e a capacidade de transformar o texto em norma.

“A interpretação não é apenas compreender para conhecer, a interpretação jurídica é uma atividade voltada à obtenção de uma decisão para problemas práticos e isso nos leva a fazer uma distinção entre interpretação dos textos normativos e aplicação da norma jurídica. Interpretação e aplicação não se realizam autonomamente”; afirmou, acrescentando que vale dizer que a interpretação no direito consiste em tornar concreta a lei em cada caso, na sua aplicação, e que, embora sejam distintas, interpretação e aplicação se superpõem”.

Refletiu sobre o mundo jurídico ter a mesma norma, mas ao longo do tempo apresentar interpretações diferentes sobre ela. O autor falou da necessidade de “compreender que a concretização, a transformação do texto em norma, para chegar até a norma de decisão, envolve não apenas a concretização, mas a realidade no momento em que o processo de interpretação é exercido. A norma jurídica é produzida no curso do processo, não a partir dos elementos do texto, mas nos dados da realidade no momento da interpretação”.

Às vésperas de completar seus 81 anos, na próxima semana, o palestrante apresentou seu lado religioso ao dizer que o que lhe dá paz é ler na Bíblia o livro de Isaías, capítulo 32, versículos 15 a 17. “Lá está dito tudo”, conclui, sobre o trecho, que assim diz: “Até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto; então o deserto se tornará em campo fértil, e o campo fértil será reputado por um bosque. E o juízo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fértil. E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre”.

De forma clara, Eros Grau apresentou sua visão de que os juízes não estão no mundo para fazer justiça, mas para aplicar a lei. E, ao final da palestra, reafirmou-se como positivista: “A disposição de aplicar, compreender e me sujeitar ao que está escrito no direito positivo. Justiça é só quando o camarada Deus me receber lá em cima”, declarou.

Em seguida, o professor respondeu a algumas perguntas sobre o tema, feitas pelos participantes.

Entre eles estava o juiz Fábio Alfaia, para quem a palestra foi um exemplo positivo: “O ministro é referência no Judiciário e o tema abordado é uma das obras mais clássicas, e refletiu a união da bagagem teórica com a judicatura. O nível das discussões significa um incremento na qualidade do trabalho daqueles que atuam com decisões judiciais”.

Na avaliação do diretor acadêmico da Eastjam, João Paulo Ramos Jacob, o evento também foi positivo, “com a participação de servidores, magistrados, em uma troca de conhecimento muito profícua para entender o papel do Judiciário e de outras correntes do estudo do direito, como a corrente positivista, a qual o professor se filia.”

O diretor declarou que o desembargador Flávio Pascarelli, coordenador da Eastjam, foi muito feliz no convite ao palestrante, que pôde esclarecer ou trazer à tona a reflexão crítica a muitos temas debatidos no estado democrático de direito.

Para quem tem o cadastro no ambiente virtual da Eastjam, é possível conferir o vídeo da palestra nesse link: https://drive.google.com/file/d/1GfO2lM3CIGa_2RXyAB8lQv3n0Fxy8ejd/view?ts=611150e9

Fonte: Asscom TJAM

Leia mais

Justiça mantém regra da OAB e indefere inscrição de Flávio Antony ao Quinto Constitucional do TJAM

A Justiça Federal no Amazonas manteve a exigência de dez anos ininterruptos de exercício profissional prevista no edital da OAB/AM para o processo seletivo...

Homem é condenado a mais de 10 anos e obrigado a pagar R$ 20 mil por tentativa de feminicídio em Manaus

Após agredir e tentar matar a companheira em via pública, o réu Renato Ferreira Peixoto foi condenado a 10 anos e 11 meses de...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Justiça estende isenção de PIS/Cofins da Zona Franca às Áreas de Livre Comércio de Boa Vista e Bonfim

A 1ª Vara Federal Cível de Roraima concedeu tutela de evidência a empresa local  suspendendo a cobrança de PIS...

Juiz afasta crime de tráfico ao reconhecer dúvida sobre finalidade comercial da maconha

A desclassificação do crime de tráfico de drogas para o de posse para consumo pessoal, no caso da maconha, é...

Justiça mantém regra da OAB e indefere inscrição de Flávio Antony ao Quinto Constitucional do TJAM

A Justiça Federal no Amazonas manteve a exigência de dez anos ininterruptos de exercício profissional prevista no edital da...

TRT-SC confirma direito a home office para bancária com autismo

A 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC) confirmou o direito de uma empregada da...