Julgamento de Gelson Carnaúba pelo Massacre do Compaj em Manaus continuará nesta terça

Julgamento de Gelson Carnaúba pelo Massacre do Compaj em Manaus continuará nesta terça

A 2ª Vara do Tribunal do Júri em Manaus remarcou para esta terça-feira, dia 27/09, a continuidade do julgamento de Gelson Carnaúba e mais dois réus acusados de um massacre histórico no Compaj, ocorrido em 2002. Mesmo antes do início dos trabalhos já se previa que o julgamento se estenderia ante a complexidade dos fatos que envolveram o primeiro massacre ocorrido no sistema penitenciário do Amazonas. É a quinta vez que a Justiça do Amazonas tenta realizar esse julgamento que tem como réus Gelson Carnaúba, Marcos Paulo da Cruz e Francisco Álvaro Pereira. No Júri, a acusação é representada pelos Promotores de Justiça Lílian Nara Pinheiro de Almeida e José Augusto Palheta Taveira.

Os autos narram que no dia 25.05.2002, no Compaj, pela manhã, os acusados e outros detentos trancaram os portões do Compaj, e, armados com revólveres, martelos, vergalhões, facas e outros instrumentos iniciaram uma rebelião dentro do sistema prisional, fizeram diversos presos e agentes penitenciários reféns, culminando com a morte de vários deles. As mortes, conforme acusou o Ministério Público, foram motivadas pela torpeza e pelo acerto de contas entre os detentos. Essa rebelião durou 13 horas e causou o massacre de 11 detentos e 1 agente penitenciário.

Na época também se acusou, por omissão, Antônio Chicre Neto, se sustentando que o então Diretor, ante o depoimento de detentos sobreviventes, tinha não somente ciência da rebelião, mas também da entrada de armas e drogas. O primeiro julgamento ocorreu em abril de 2013. Gelson Carnaúba foi condenado a 191 anos de prisão. Ocorre, no entanto, que em segunda instância, atendendo a pedido da defesa, o júri restou anulado sob o fundamento de quebra do sigilo das votações. Após, o júri foi pautado, até então, por quatro vezes, e sempre adiado ante a necessidade de diligências.

O Júri é envolto em situações que se revelam por uma acirrada disputa jurídica, onde se revela a insurgência de teses de que o tempo tenha apagado da memória provas que não mais se sustentam, além de toda a complexidade do julgamento. Gelson Carnaúba, por exemplo, está recluso, por outros crimes, em uma penitenciária federal, em Campo Grande, o que o leva a ser interrogado por vídeo conferência. Lado outro há réus foragidos e outros ouvidos por carta precatória.

No dia de hoje a sessão de julgamento já se iniciou com um grande movimento entre acusação e defesa. Problemas de internet, a necessidade de se ouvir Carnaúba por vídeo conferência, a impugnação de um áudio de uma testemunha que já se encontra falecida, são circunstâncias que, em concreto, revelam a complexidade do julgamento.

A defesa alega que a tese da acusação foi destruída pela própria ação do tempo. A Promotora Lílian Nara Pinheiro de Almeida não afasta os lapsos da memória do tempo, mas rechaçou a possibilidade de que os fatos tenham se esvaziado no tempo e proclama que o resultará advirá com a condenação de Gelson Carnaúba e dos demais acusados. Abaixo, você pode conferir a entrevista da representante do Ministério Público. No mesmo sentido, o Promotor José Augusto Palheta citou que a punição poderá até vir tardiamente, mas que a mesma ocorrerá, com exemplo de julgamento e a consecução da justiça penal.

Veja os vídeos:

 

 

Leia mais

Justiça intervém para assegurar acolhimento de migrantes em Manaus

A Justiça Federal renovou a determinação para que a União, o Estado do Amazonas e o Município de Manaus cumpram as obrigações para adequação...

TJAM divulga local de prova de processo seletivo para estágio em Direito que acontecerá no domingo (06/07)

O Tribunal de Justiça do Amazonas, por meio da Escola Superior da Magistratura do Amazonas (Esmam), divulgou o Edital n.º 10/2025, com o local...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Justiça Militar absolve cabo após extravio de pistola durante serviço

Por quatro votos a um, o Conselho Permanente de Justiça da 3ª Auditoria do Tribunal de Justiça Militar de São...

Justiça intervém para assegurar acolhimento de migrantes em Manaus

A Justiça Federal renovou a determinação para que a União, o Estado do Amazonas e o Município de Manaus...

Moraes declara neto de Figueiredo notificado sobre denúncia do golpe

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira (30) declarar o empresário e blogueiro...

Reconhecida culpa exclusiva de trabalhador em acidente que resultou em amputação do dedo polegar

Um auxiliar de serviços gerais agrícolas que teve o polegar amputado durante a limpeza de uma máquina em funcionamento...