Defesa de Bolsonaro usa voto de Fux para tentar reduzir pena no STF

Defesa de Bolsonaro usa voto de Fux para tentar reduzir pena no STF

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recorreu nesta segunda-feira (27) contra a condenação imposta pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que fixou pena de 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Nos embargos de declaração, os advogados apontam omissões e contradições no acórdão e citam seis vezes o voto divergente do ministro Luiz Fux —único a afastar a tipificação penal dos atos atribuídos ao ex-presidente. A defesa sustenta que Fux foi o único a reconhecer a tese de “desistência voluntária” na suposta tentativa de golpe, o que, segundo o recurso, demonstra a plausibilidade dogmática da absolvição.

Os advogados alegam também cerceamento de defesa, excesso acusatório e falta de clareza na vinculação dos fatos aos atos de 8 de janeiro de 2023. Para a equipe de defesa, o acórdão “viola o dever constitucional de motivação” e resulta em “profundas injustiças”.

A defesa ainda pede a unificação dos crimes de golpe e de abolição do Estado Democrático de Direito, sob o argumento de que ambos visariam ao mesmo resultado: manter Bolsonaro no poder. Caso o pleito seja acolhido, a pena poderia ser reduzida em cerca de seis anos.

Os embargos de declaração não modificam o resultado do julgamento, mas podem levar à revisão da pena. A condenação mantém o ex-presidente inelegível até oito anos após o cumprimento integral da pena —previsão que se estenderia até 2060.

O placar da Primeira Turma foi de 4 votos a 1. Para Luiz Fux, as reuniões de Bolsonaro com as Forças Armadas e seus discursos contra o processo eleitoral representaram “mera irresignação com o resultado das urnas”, sem configurar execução de golpe.

Com a publicação do acórdão, abre-se a possibilidade de novos recursos, como os embargos infringentes, embora a jurisprudência do STF só os admita quando houver ao menos dois votos favoráveis ao réu. A expectativa é que o Supremo conclua a análise de todos os recursos ainda neste ano, quando deverá definir o regime de cumprimento da pena —prisão comum, unidade militar ou domiciliar.

Leia mais

Formas no flagrante não cumpridas por Delegados pode gerar apuração funcional, adverte MPAM

Recomendação Ministerial nº 0001/2025 impõe padronização na lavratura do Auto de Prisão em Flagrante e reforça dever de motivação, autenticidade e preservação da prova. O...

Beto Simonetti alerta para golpe do falso advogado e reforça campanha nacional de prevenção

Em entrevista ao Jornal Nacional, Beto Simonetti destacou o aumento das denúncias e orientou a população a confirmar a identidade de advogados pelo site...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Defesa de Bolsonaro usa voto de Fux para tentar reduzir pena no STF

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recorreu nesta segunda-feira (27) contra a condenação imposta pela Primeira Turma do...

Formas no flagrante não cumpridas por Delegados pode gerar apuração funcional, adverte MPAM

Recomendação Ministerial nº 0001/2025 impõe padronização na lavratura do Auto de Prisão em Flagrante e reforça dever de motivação,...

Funcionário de ótica tem garantido direito de exercer profissão

A 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) manteve decisão da Comarca de Extrema, no...

STJ: No Tribunal do Júri réu deve ter garantias que assegurem a presunção de inocência

Em uma série de precedentes recentes, o Superior Tribunal de Justiça tem reafirmado a necessidade de que o réu...