STF julgará caso que pode redefinir regras do foro por prerrogativa de função

STF julgará caso que pode redefinir regras do foro por prerrogativa de função

O STF limitou há seis anos sua própria autoridade para julgar processos criminais envolvendo parlamentares e membros do alto escalão do governo federal- com a fixação de regras especiais para os detentores do foro por prerrogativa de função. Assim, no raio de abrangência da Suprema Corte, para casos de processo e julgamento, restou definido que ficariam apenas os crimes cometidos durante o mandato de parlamentares e relacionados ao exercício do cargo. Essas regras podem mudar em julgamento que se inicia a partir do dia 29 de março.

O Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar um habeas corpus que pode ter impacto significativo no entendimento sobre o foro por prerrogativa de função, popularmente conhecido como foro privilegiado. O caso envolve José da Cruz Marinho, atualmente Senador da República pelo Estado do Pará, que é réu em uma ação penal por supostos atos ilícitos cometidos durante seu mandato como Deputado Federal.

Segundo a denúncia, Marinho teria exigido que servidores de seu gabinete na Câmara dos Deputados depositassem mensalmente parte de seus salários nas contas do partido político ao qual pertencia, sob ameaça de exoneração. O crime imputado é o de concussão, definido no artigo 316 do Código Penal, na forma continuada.

A defesa argumenta que, dado o histórico de Marinho em cargos com foro privilegiado, o julgamento deveria ocorrer no âmbito do STF, mesmo considerando que os fatos ocorreram antes de ele assumir o cargo de Senador. Este argumento é baseado na interpretação de que a prerrogativa de foro se estenderia aos crimes relacionados ao exercício de qualquer cargo público com tal prerrogativa, mesmo que praticados em mandatos anteriores.

A decisão do STF em relação a este caso pode trazer mudanças significativas na interpretação do foro por prerrogativa de função. Atualmente, o entendimento predominante é de que o foro privilegiado se aplica apenas a crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.

O relator do caso, Ministro Gilmar Mendes, decidiu submeter a matéria ao Plenário do STF, considerando sua relevância e a possibilidade de redefinição dos critérios para o foro por prerrogativa de função. Esta decisão tem como objetivo garantir segurança jurídica e proteção dos direitos fundamentais, além de estabilizar a interpretação da Constituição sobre o tema, justificou o Ministro. 

O julgamento ocorrerá em sistema virtual, conforme determinação do artigo 21, XI, e 22, parágrafo único, “b”, do Regimento Interno do STF. A expectativa é de que a Corte estabeleça um entendimento que possa guiar futuros casos envolvendo o foro por prerrogativa de função, promovendo maior clareza e coerência na aplicação da lei.

Leia mais

Caos aéreo: atraso de 15 horas em voo da Azul gera indenização de R$ 12 mil em Manaus

O 4º Juizado Especial Cível de Manaus condenou a Azul Linhas Aéreas ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 12...

Prisão em flagrante e testemunhos superam falhas no reconhecimento pessoal, fixa TJAM

Ainda que o reconhecimento não tenha seguido o rito previsto em lei, o tribunal considerou que ele foi corroborado por depoimentos de policiais prestados...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Justiça do Ceará condena plano de saúde a realizar cirurgia de mastectomia para homem trans

O Poder Judiciário cearense condenou a Amil Assistência Médica Internacional S.A. a realizar cirurgia de mastectomia bilateral masculinizadora de...

Homem que estuprou ex-companheira em Registro é condenado após denúncia do MPSP

Um homem foi condenado a 29 anos e 10 meses de prisão, em regime fechado, por manter a ex-companheira...

Comissão aprova marco legal para fortalecer o futebol feminino no Brasil

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher aprovou projeto que cria o Marco Legal do Futebol Feminino. A...

Empresa é condenada por cancelar compra de relógio confirmada e deve efetuar entrega

A 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) manteve a...