Negros, LGBTI+ e pessoas com deficiência ganham espaço na advocacia brasileira

Negros, LGBTI+ e pessoas com deficiência ganham espaço na advocacia brasileira

Uma análise dos dados colhidos no 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira (Perfil ADV) revelou um panorama significativo sobre a composição da profissão no Brasil. De acordo com o levantamento, na advocacia brasileira, os brancos representam 64%, os pardos 25%, os pretos 8%, e aproximadamente 1% de indígenas e amarelos.

Apesar da desigualdade da sociedade brasileira também se refletir na advocacia, de acordo com o levantamento há um cenário promissor entre os mais jovens e os recém-inscritos, sugerindo o aumento na democratização do acesso aos cursos de Direito e um avanço no enfrentamento à desigualdade racial.

“Os resultados indicam avanços na democratização do acesso a esse campo profissional, o que se reflete no alto número de jovens e nas baixas médias de tempo de inscrição na OAB, especialmente entre mulheres e negros (pretos e pardos)”, diz o documento.

Regionalmente, a pesquisa revela variações significativas na composição étnico-racial da advocacia. Enquanto a região Sul apresenta a maior proporção de brancos (85%), o Norte e o Nordeste mostram um equilíbrio relativo entre brancos e pardos respectivamente (Norte: 41% e 45%; Nordeste: 42% em ambos). Entre as seccionais, a Bahia se destaca com a maior proporção de advogados pretos (24%), enquanto oMato Grosso do Sul apresenta a menor (2%).

LGBTI+ e pessoas com deficiência: avanços na representatividade

Na advocacia brasileira, 50% são advogadas e 49% são advogados, refletindo a mesma proporção dessas categorias na população do país, conforme dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. No levantamento, a variável “sexo” (sexo biológico ou sexo atribuído ao nascer, de acordo com a metodologia do IBGE) foi utilizada na seleção da amostra, pois era a informação disponível sobre o universo no momento do planejamento da pesquisa. No entanto, no questionário, a categoria “identidade de gênero” foi empregada. Nesse sentido, autodenominações além de “feminino” e “masculino” (incluindo respostas espontâneas) totalizaram menos de 1% das entrevistas: pessoa não binária: 0,2%; transgênero: 0,1%; travesti: 0,1%; e outras: 0,1%.

Os dados revelaram, ainda, que 4% dos advogados possuem algum tipo de deficiência. O percentual de advogados com deficiência aumenta consideravelmente para 6% entre aqueles com 60 anos ou mais, contrastando com apenas 1% entre os advogados mais jovens, com idades entre 21 e 23 anos.

Além disso, o estudo destacou que 34% destes advogados necessitam de recursos de acessibilidade ou adaptação razoável. Notavelmente, essa necessidade se destaca entre as mulheres e entre aqueles que trabalham tanto na capital quanto no interior do seu estado, atingindo a marca de 40%.

Além de promover políticas que abordam questões de gênero, raça e idade, a OAB está empenhada em fortalecer os direitos humanos e as prerrogativas de advogados e advogadas que fazem parte de outros grupos sociais. Um exemplo concreto desse compromisso é o Plano Nacional de Valorização da Advogada e do Advogado com Deficiência, que foi aprovado em 2017. A Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência desempenha um papel ativo no debate público sobre uma variedade de questões, incluindo a política antimanicomial do Poder Judiciário, bioética e direitos reprodutivos das pessoas com deficiência, inclusão da deficiência na carteira profissional e ampliação de benefícios previdenciários.

Para o vice-presidente do CFOAB e coordenador do Perfil ADV, Rafael Horn, os números apresentados refletem a diversidade presente na advocacia brasileira e uma direção para as políticas em prol da classe.

“Os dados revelados pelo estudo ‘Perfil ADV’ evidenciam a diversidade e pluralidade que caracterizam a advocacia brasileira. Analisar essas informações nos leva a refletir sobre as realizações passadas e reconhecer o extenso percurso rumo ao aprimoramento das políticas internas em favor da classe, fundamentais para a democratização da OAB. Isso nos permite compreender melhor os desafios e oportunidades para garantir uma advocacia verdadeiramente representativa e inclusiva em nosso país”, disse.

Perfil ADV

O 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira (Perfil ADV), iniciado em agosto de 2023, buscou mapear as características da advocacia no Brasil, evidenciando padrões gerais e regionais, além de dificuldades e peculiaridades da profissão. Encomendado pelo Conselho Federal da OAB à Fundação Getulio Vargas (FGV), o estudo entrevistou 20.885 advogados e advogadas, a maior pesquisa já realizada sobre o perfil da advocacia no país.

Com informações OAB

Leia mais

Blogueira que atropelou personal trainer em acidente em Manaus pode ser condenada a indenizar família

A empresária Rosa Ibere Tavares Dantas será julgada pela Justiça do Amazonas pela suposta responsabilidade em acidente de trânsito que resultou na morte do...

Hospital é condenado por descumprir contrato sobre atendimento de servidores em Manaus

 O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) confirmou que o Hospital Check Up agiu de forma ilegal ao parar, por conta própria, os atendimentos...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Blogueira que atropelou personal trainer em acidente em Manaus pode ser condenada a indenizar família

A empresária Rosa Ibere Tavares Dantas será julgada pela Justiça do Amazonas pela suposta responsabilidade em acidente de trânsito...

MPF recomenda que Youtube remova vídeos com anúncios de venda ilegal de mercúrio de sua plataforma

O Ministério Público Federal (MPF) enviou recomendação para que o Youtube, mantido pela pessoa jurídica Google Brasil Internet, remova...

Anotação positiva sobre uso de EPI afasta risco laboral para fins de aposentadoria especial

​A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob o rito dos recursos repetitivos (Tema 1.090), definiu que a anotação...

Empresa de ônibus não é responsável por aparelho celular perdido durante viagem

Em sentença proferida no 7º Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo, o Judiciário decidiu que a perda...