Juiz não precisa acrescentar motivação ao adotar fundamentação per relationem

Juiz não precisa acrescentar motivação ao adotar fundamentação per relationem

A adoção de uma decisão fundamentada em elementos anteriormente apresentados por outra autoridade (per relationem) não desrespeita a Constituição, desde que os motivos sejam claros e possam ser devidamente acessados e examinados pelas partes.

Com esse entendimento, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou a ordem em Habeas Corpus e manteve válidas as provas obtidas pela polícia em uma busca e apreensão para apuração do crime de tráfico de drogas.

A decisão que autorizou a diligência foi sucinta: fez referência às motivações apresentadas pela autoridade policial no pedido de busca e apreensão e se limitou a aderir a elas.

O juiz da causa adotou, portanto, a fundamentação per relationem — quando o magistrado aproveita justificação autônoma em outra sentença ou argumentação da polícia ou Ministério Público para decidir.

A defesa, feita pelo advogado Guilherme Gibertoni Anselmo, impetrou Habeas Corpus no STJ e conseguiu decisão monocrática da ministra Daniela Teixeira para anular as provas, por conta da fundamentação genérica da decisão que autorizou a diligência.

A ministra considerou que, ao adotar a técnica da fundamentação per relationem, o magistrado deveria acrescentar motivação para justificar sua conclusão.

O Ministério Público de São Paulo recorreu e conseguiu reverter a decisão na 5ª Turma. Venceu o voto divergente do ministro Joel Ilan Paciornik, acompanhado dos ministros Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas e Messod Azulay Neto.

Per relationem e tautologia

Para a corrente vencedora, a fundamentação per relationem basta para a decisão, desde que permita a compreensão dos motivos que levaram o julgador a tomar a decisão.

No caso julgado, o relatório policial que embasou o pedido tinha elementos fáticos que demonstravam a existência de fundadas suspeitas sobre a prática do crime de tráfico de drogas, incluindo diligências anteriores na investigação.

Assim, ficou justificada a concisão do juízo. Isso serviu para evitar exercício de tautologia na decisão — o uso de palavras diferentes para expressar a mesma ideia, apenas para justificar a fundamentação.

“Tendo sido a decisão de busca e apreensão baseada em elementos fáticos claros, consistentes e acessíveis, não há que se falar em nulidade por falta de fundamentação. A técnica adotada pelo juízo de primeiro grau foi legítima e compatível com os parâmetros jurisprudenciais estabelecidos por esta Corte”, disse Paciornik.

Fonte: Conjur

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