CNJ manda TJ-BA tomar providências para resolver abismo entre 1º e 2º graus

CNJ manda TJ-BA tomar providências para resolver abismo entre 1º e 2º graus

Uma situação de descalabro administrativo, que resulta em baixa produtividade e processos parados por longos períodos, exigindo providências imediatas. Essa realidade foi constatada no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) pela corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determinou uma série de providências à presidência da corte estadual, sem prejuízo da adoção de outras medidas.

Em decisão tomada no domingo (19/5), o corregedor nacional de justiça, ministro Luis Felipe Salomão, apontou que a situação verificada no TJ-BA durante inspeção ordinária realizada pelo CNJ, de 8 a 12 de abril, é “extremamente preocupante, por variados motivos, especialmente em relação à disparidade de estrutura entre o primeiro e o segundo graus de jurisdição”.

Conforme o corregedor, os serviços e as estruturas administrativas integrantes do Poder Judiciário baiano revelam “deficiência acentuada no funcionamento”, que compromete a atividade jurisdicional, “função constitucional típica”, prestada aos cidadãos. “A extensão e a gravidade apresentadas à corregedoria naquela inspeção exigem a adoção de medidas imediatas”.

A título de exemplo, Salomão citou a 1ª Vara Cível e Comercial de Salvador, que integra o 1º cartório integrado das varas cíveis da capital baiana. Neste órgão não há uma chefia que coordene os trabalhos e exija andamento equânime de todas as áreas, com cobrança por produtividade. Conforme o ministro, o resultado é “desastroso”, com cerca de cinco mil processos parados há mais de cem dias.

“É como se metade dos processos da vara praticamente tivesse uma movimentação por ano”, reforçou o ministro. O corregedor nacional também apontou uma causa tecnológica, além da administrativa, para o cenário constatado durante a inspeção do CNJ: o PJe (processo judicial eletrônico) usado em primeiro grau estaria algumas versões atrasado em relação ao que se tem de mais avançado no País.

De acordo com o ministro, a versão utilizada pelo primeiro grau do TJ-BA prejudica ainda mais o andamento dos processos, “situação que causa transtornos na prestação jurisdicional”. Atualmente, conforme se apurou na inspeção, a decisão prolatada no gabinete não é automaticamente publicada, o que contribui para o acúmulo de serviço e a desorganização do cartório integrado.

A carência de pessoal é outro componente a agravar a situação. Os magistrados visitados no período de inspeção do CNJ possuem apenas um assistente/assessor, enquanto no segundo grau esse número varia de oito a dez. “Poucos processos sentenciados com recursos pendentes de julgamento é o que a equipe da corregedoria nacional acabou encontrando invariavelmente nas varas visitadas”, acrescentou o ministro.

Até problemas relacionados à segurança dos juízes, demais servidores e do público em geral nos fóruns, bem como a ausência de plano de evacuação de emergência nos prédios do Poder Judiciário em caso de incêndio foram diagnosticados. Para o corregedor nacional, o quadro geral do tribunal baiano reflete “clara ausência de planejamento estratégico, que acaba gerando resultados desastrosos”.

Com base na missão constitucional do CNJ em exercer o controle da atuação administrativa do Poder Judiciário (artigo 103-B, parágrafo 4º, da Constituição Federal), Salomão determinou que o TJ-BA instaure procedimentos próprios no prazo de 30 dias, ouvindo sempre a corregedoria geral da corte, para enfrentar cada um dos problemas identificados na inspeção da corregedoria nacional.

Com informações do conjur

Leia mais

Caos aéreo: atraso de 15 horas em voo da Azul gera indenização de R$ 12 mil em Manaus

O 4º Juizado Especial Cível de Manaus condenou a Azul Linhas Aéreas ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 12...

Prisão em flagrante e testemunhos superam falhas no reconhecimento pessoal, fixa TJAM

Ainda que o reconhecimento não tenha seguido o rito previsto em lei, o tribunal considerou que ele foi corroborado por depoimentos de policiais prestados...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

CPMI recorrerá de decisão do STF sobre depoimento do “Careca do INSS”

Após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de facultar a ida à Comissão Mista Parlamentar de...

Justiça do Ceará condena plano de saúde a realizar cirurgia de mastectomia para homem trans

O Poder Judiciário cearense condenou a Amil Assistência Médica Internacional S.A. a realizar cirurgia de mastectomia bilateral masculinizadora de...

Homem que estuprou ex-companheira em Registro é condenado após denúncia do MPSP

Um homem foi condenado a 29 anos e 10 meses de prisão, em regime fechado, por manter a ex-companheira...

Comissão aprova marco legal para fortalecer o futebol feminino no Brasil

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher aprovou projeto que cria o Marco Legal do Futebol Feminino. A...