Banco é condenado por venda casada com empréstimo condicionado a seguro obrigatório

Banco é condenado por venda casada com empréstimo condicionado a seguro obrigatório

Há ilegalidade quando o fornecimento de produto ou serviço é condicionado à aquisição, pelo consumidor, de outro bem ou de injustificados limites quantitativos. A prática abusiva decorre da falta de pertinência (ou necessidade natural) na venda conjunta dos produtos ou serviços, ou seja, pela exigência, qualquer que seja o motivo, de aquisição combinada de bens de consumo que, como regra, são oferecidos ou fornecidos separadamente.

Se ao contratar o empréstimo, ficou comprovado que o banco obrigou o cliente a adquirir um seguro indesejado e a necessidade do crédito fez com que a pessoa aceitasse o contrato combinado, sem qualquer outra opção, a não ser a de assinar o contrato com o produto imposto, o caso revela venda casada, com prática ilícita que deve ser combatida.

Com essa disposição, a Juíza Lídia de Abreu Carvalho Frota, da 3ª Turma Recursal do Amazonas, manteve a condenação do Bradesco por prática de venda casada. Segundo a magistrada, ficou comprovado que o banco condicionou a concessão de um empréstimo à aquisição de um seguro indesejado, denominado “aquisição devolução seg”, conforme demonstrado na petição inicial. Essa prática é ilícita e deve ser combatida.

A condenação foi proferida pela Juíza Patrícia Macedo de Campos, mas o banco interpôs recurso, levando o caso à Turma Recursal. O Bradesco alegou que o contrato era regular, mas não apresentou provas de suas alegações. Ao decidir o recurso, a relatora explicou que cabia à instituição financeira, como fornecedora do serviço, o dever de refutar a pretensão do autor, devido à sua responsabilidade objetiva. No entanto, o banco permaneceu inerte.

“Na espécie, o banco não conseguiu desconstituir a verossimilhança das alegações iniciais, ou seja, não provou que ofereceu ao autor a opção de realizar o empréstimo sem a obrigatoriedade de adquirir o seguro, ou que fez essa oferta de forma clara e precisa, prestando informações suficientes sobre a natureza e as condições do serviço. Assim, ficou configurada a prática de venda casada.”

O acórdão determinou a devolução em dobro dos valores cobrados indevidamente e fixou os danos morais em R$ 2 mil. 

Recurso Inominado Cível nº 0797532-73.2022.8.04.0001.

Leia mais

Questão de Justiça: não se desvaloriza a palavra de quem, vítima de furto, aponta o autor do crime

O Tribunal de Justiça do Amazonas reformou sentença absolutória e condenou um réu por furto majorado pelo repouso noturno, reconhecendo que a palavra da...

Conversão em dinheiro de licença-prêmio não usufruída é direito do servidor, fixa Justiça no Amazonas

Ao julgar procedente pedido de servidor aposentado, a Justiça do Amazonas reconheceu que a indenização por licenças-prêmio não usufruídas deve ser paga pelo ente...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Fux suspende regra que impedia beneficiários do Bolsa Família e do BPC de apostar online

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu parcialmente a norma do Ministério da Fazenda que proibia beneficiários...

Moraes autoriza cirurgia de Bolsonaro, mas mantém cumprimento de pena em unidade da PF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a realização de procedimento cirúrgico no ex-presidente Jair Bolsonaro,...

Deltan paga indenização a Lula por PowerPoint da Lava Jato

O ex-procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol realizou o pagamento de R$ 146 mil em indenização ao presidente Luiz Inácio...

Moraes autoriza Bolsonaro a fazer cirurgia, mas nega prisão domiciliar

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta sexta-feira (12) o ex-presidente Jair Bolsonaro a...