Tribunal confirma validade de cessão de crédito e condena devedor que alegou desconhecer a dívida

Tribunal confirma validade de cessão de crédito e condena devedor que alegou desconhecer a dívida

O detentor do crédito pode cedê-lo para terceiro, desde que isso não se dê contra a natureza da obrigação com o devedor. O cessionário, que negociou o crédito pode adotar medidas para cobrá-lo

Nada há de incorreto no negócio jurídico no qual o credor opta por transferir a terceiro o crédito oriundo de uma determinada obrigação que por alguém foi assumida. A relação entre o cedente do crédito e o que o recebeu – o cessionário – é prática lícita. Não age de boa-fé o autor que alega desconhecer a origem de uma dívida existente, ainda que transferida em negócio. 

Com essa disposição, o Juiz Antônio Carlos Marinho Bezerra Júnior, da 1ª Turma Recursal do Amazonas negou recurso a um consumidor e aplicou multa, condenando-a ao pagamento de honorários advocatícios, ainda que dispensados na forma da lei, ao julgar improcedente um recurso com o qual o autor insistiu na alegação de que desconhecia a dívida negativada pelo cessionário. 

A ação foi ajuizada contra o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios e foi julgada improcedente em primeira instância. O autor pediu a declaração da inexigibilidade da dívida negativada, bem como danos morais por ofensa a direitos de personalidade. Com a contestação, a empresa ré juntou provas de que adquiriu a dívida em negócio e, ante o não pagamento pelo devedor, levou-a à negativação. 

No caso examinado, restou evidenciado que o autor, embora registrasse desconhecer o débito, nada mencionou sobre a cessão de crédito ou sobre eventual relação jurídica que havia celebrado com o antigo credor – o cedente. Ao manter a sentença pelos seus próprios fundamentos, o acórdão registra que a ausência da notificação do devedor não impede o cessionário de cobrar a dívida ou de promover os atos necessários à conservação dessa mesma dívida, como a inscrição da pessoa inadimplente nos cadastros de proteção ao crédito.

Processo: 0649891-47.2023.8.04.0001

Leia a ementa:

Recurso Inominado Cível / Inclusão Indevida em Cadastro de InadimplentesRelator(a): Antônio Carlos Marinho Bezerra JúniorComarca: ManausÓrgão julgador: 1ª Turma RecursalData do julgamento: 21/05/2024Data de publicação: 21/05/2024Ementa: SÚMULA DA SENTENÇA. CONSUMIDOR. INSCRIÇÃO EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DÍVIDA ORIUNDA DE CESSÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR SOBRE A CESSÃO. IRRELEVÂNCIA. POSSIBILIDADE DE COBRANÇA DA DÍVIDA E PROMOÇÃO DE ATOS NECESSÁRIOS À CONSERVAÇÃO DO CRÉDITO. PRECEDENTES STJ – RESP 1.604.899 – SP. ORIGEM DA DÍVIDA COMPROVADA. NEGATIVAÇÃO REGULAR. RÉU QUE AGIU NO EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. ENTENDIMENTO DO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU QUE ENCONTRA CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO DA TURMA RECURSAL, SOBRE O ASSUNTO TRATADO NO PROCESSO. SENTENÇA QUE DEVE SER MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, POR SEREM IRRETOCÁVEIS. SÚMULA QUE SERVIRÁ DE ACÓRDÃO. ART. 46, LEI 9.099/95

 

Leia mais

Travel Tech deve indenizar por falhas na prestação de serviço da Hurbes

Mesmo quando os fatos são presumidos verdadeiros devido à revelia, o juiz deve manter a responsabilidade de aplicar a norma legal em harmonia com...

Ex-dono de veículo não deve ser responsabilizado por débitos mesmo sem transferência, decide TJAM

Segundo o artigo 1.267 do Código Civil brasileiro, a transferência do domínio de um bem móvel, como um veículo automotor, ocorre por meio da...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Confederação de servidores questiona no STF regra de cálculo da previdência estadual em MG

A Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB) questiona no Supremo Tribunal Federal (STF) a regra de cálculo fixada...

Travel Tech deve indenizar por falhas na prestação de serviço da Hurbes

Mesmo quando os fatos são presumidos verdadeiros devido à revelia, o juiz deve manter a responsabilidade de aplicar a...

STF criou 20 novos temas de repercussão geral no primeiro semestre deste ano

Em 13 casos, o STF decidiu que as questões tinham relevância e que a decisão tomada deve ter efeitos...

Há litigância de má fé em mentira envolvendo processo de guarda de criança, diz TJSP

Um casal de Pirassununga (SP) foi multado em R$ 400 por litigância de má-fé pela 4ª Câmara de Direito...