Sobrevivente de naufrágio, desembargador do TJAM lança obra sobre tragédia no rio Amazonas

Sobrevivente de naufrágio, desembargador do TJAM lança obra sobre tragédia no rio Amazonas

O desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas, Cezar Luiz Bandiera, lançou na manhã de sexta-feira (27/06), no Centro de Memória de Parintins, o livro “Naufrágio no Amazonas: a tragédia do Transrégia II”. Na obra, o magistrado narra os acontecimentos que envolveram o naufrágio da embarcação, ocorrido em 7 de maio de 1983, no rio Amazonas, e do qual ele foi um dos sobreviventes. Os valores arrecadados com a venda do livro serão revertidos para a Prelazia de Parintins.

O lançamento, com sessão de autógrafos, reuniu, dentre outros convidados, representantes da magistratura, como a coordenadora da Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar e ouvidora da Mulher do TJAM, desembargadora Maria das Graças Figueiredo; e os juízes da Comarca de Parintins, Anderson Luiz Franco de Oliveira (1º Juizado Especial Cível e Criminal, Nilo Marinho (2.ª Vara) e Otávio Augusto Ferraro (3.ª Vara); além de outras autoridades e artistas locais, como o chefe da Casa Civil do Amazonas, Flávio Cordeiro Antony Filho (representando o Governo do Estado); as defensoras públicas Emilly Bianca Ferreira dos Santos e Monalysa Façanha; o prefeito de Parintins, Matheus Assayag; o artista Simão Assayag; além de servidores do Poder Judiciário de Parintins.

Parintins era a cidade na qual o desembargador atuava como juiz à época dos fatos narrados no livro, que tem prefácio assinado pelo jornalista, escritor e cartunista amazonense, Mário Adolfo. Além dos relatos de Bandiera, a obra é ilustrada com a reprodução de páginas de jornais que, naquele maio de 1983, dedicaram grande espaço para noticiar o acidente e seguiram na cobertura do resgate dos sobreviventes e dos corpos das vítimas fatais, assim como da busca pelos desaparecidos.

Conforme os registros da época, o barco-motor “Transrégia II” naufragou nas águas do rio Amazonas, próximo à ilha de Cumaru, a meia hora de Itacoatiara, deixando mortos, entre elas três crianças; um número incerto de desaparecidos; e 120 sobreviventes.

“Alguns podem não crer, e outros creem, mas outros têm a comprovação que milagres existem. Eu estar vivo falando para os senhores, agora, é a comprovação de que milagres existem. Eu não sei nadar e era a primeira vez que eu viajava pelo rio. E fui salvo. Pedi a Deus que cuidasse de mim quando me lancei às águas na escuridão daquela noite: ‘Deus esteja comigo, me guarde e me proteja’. E me protegeu e me guardou. Ele operou um milagre, que sou eu aqui”, disse o magistrado, no evento desta manhã.

Percalços

O juiz Anderson Luiz Franco de Oliveira disse que a obra lançada por Cezar Bandiera representa bem os percalços que acontecem até hoje nos rios amazônicos.

“A obra do desembargador Bandiera revela um pouco das dificuldades enfrentadas pela magistratura devido às peculiaridades do nosso Amazonas, principalmente do interior. As dificuldades referentes ao transporte, à logística, são de certa forma ilustradas no livro sobre o naufrágio, ocorrido justamente quando ele vinha de Manaus a Parintins, para exercer a jurisdição na cidade de Parintins”, disse o Anderson Oliveira.

Para o juiz Nilo Marinho, obras como a do desembargador ajudam a entender como os magistrados anteriores viveram, e enfrentaram, as suas dificuldades para prestar jurisdição.

“Pra nós, principalmente os novos juízes, que ainda não conhecemos tanto a vida quanto o desembargador Cezar Bandiera, é muito importante entendermos como os nossos juízes anteriores viveram, enfrentaram as suas dificuldades para que se inspire a continuar prestando uma jurisdição mais próxima da população, mais próxima da realidade. Entender que os desembargadores são gente, como a gente e que assim eles conseguiram prestar uma jurisdição, é uma inspiração”, afirmou o magistrado.

 

Fonte: TJAM

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