Em resposta à crescente crise institucional entre os Poderes da República, o governo federal intensificou, nos últimos dias, esforços para recompor o diálogo com o Congresso Nacional, especialmente com a cúpula do Senado. A movimentação ocorre após sucessivos embates envolvendo decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF) e reações do Legislativo, que apontam supostas invasões de competência e protagonismo judicial excessivo em matérias de natureza política.
Na última quarta-feira (2), durante entrevista concedida na Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que pretende se reunir com os presidentes das duas Casas Legislativas — o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que preside o Senado, e o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados — logo após seu retorno da cúpula do Brics, que será realizada no Rio de Janeiro entre os dias 6 e 7 de julho.
A fala do chefe do Executivo indica a tentativa de reestabelecimento da harmonia entre os Poderes, em conformidade com os preceitos do artigo 2º da Constituição Federal, que consagra o princípio da separação e independência dos Poderes. Segundo Lula, “importa que se volte à normalidade”, em referência ao clima institucional conturbado que tem gerado insegurança jurídica e instabilidade política.
O movimento do governo também é interpretado como uma resposta às recentes pautas legislativas que buscam limitar a atuação do STF, como as propostas de emenda à Constituição que visam restringir decisões monocráticas e ampliar o controle externo sobre o Judiciário. Além disso, as tensões são agravadas pelo protagonismo de ministros do Supremo em decisões com alto impacto político e social, como aquelas relacionadas à regulação das plataformas digitais e à responsabilização de agentes públicos.
Do ponto de vista jurídico, a reaproximação entre os Poderes é vista como um caminho necessário para a preservação do Estado Democrático de Direito e da estabilidade constitucional, evitando a sobreposição de competências e a erosão da confiança pública nas instituições republicanas. A expectativa, nos bastidores, é que as reuniões propostas por Lula contribuam para a construção de uma agenda institucional mínima comum e o distensionamento das relações entre Executivo, Legislativo e Judiciário.