Presidente reforça confiança no atual advogado-geral da União e pode anunciar escolha nos próximos dias.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou a aliados próximos que pretende nomear o advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, formalizada nesta quarta-feira (15).
Segundo interlocutores, o anúncio deve ocorrer ainda nesta semana, a despeito da intensa articulação de ministros da Corte e de lideranças do Congresso em favor do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A aposentadoria de Barroso, publicada em edição extra do Diário Oficial da União e assinada por Lula, antecipou a disputa política pela cadeira. O presidente tem dito que Messias “amadureceu para o Supremo” e representa o perfil de lealdade institucional e técnica que busca consolidar em sua terceira gestão.
Resistência e bastidores
Nos bastidores, ministros como Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Flávio Dino manifestaram apoio discreto a Pacheco, visto como um nome capaz de reforçar a ponte entre o STF e o Congresso Nacional.
A movimentação ganhou força desde julho, quando o governo decidiu defender na Justiça o decreto que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) — medida derrubada pelo Legislativo. O episódio expôs tensões entre o Planalto e o Senado, controlado por Davi Alcolumbre (União-AP), articulador da candidatura de Pacheco ao STF.
Assessores presidenciais alertam que a demora na indicação pode alimentar resistências no Parlamento, em um momento de fragilidade política do governo. Por isso, aliados recomendam que Lula oficialize logo a escolha de Messias, antes que o lobby de magistrados e senadores ganhe força.
Trajetória e perfil
Servidor de carreira da AGU e conhecido por sua atuação durante o governo Dilma Rousseff, Jorge Messias é o atual Chefe da Advocacia-Geral da União e Lula tem destacado seu papel na defesa de políticas públicas e na recomposição jurídica do Estado, marcando sua lealdade ao projeto petista e seu alinhamento com a visão de um Supremo mais técnico e menos midiático.
A eventual nomeação consolidaria um núcleo de confiança direta de Lula na mais alta corte, ao lado dos ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino, também indicados por ele.