Caso Kiss: Ex-promoter relata como eram promovidas as festas universitárias na boate

Caso Kiss: Ex-promoter relata como eram promovidas as festas universitárias na boate

O empresário Stenio Rodrigues Fernandes, 30 anos, abriu os depoimentos desta segunda-feira (6/12), sexto dia de júri do caso Kiss no Rio Grande do Sul. A testemunha arrolada pela defesa do réu Elissandro Callegaro Spohr (Kiko), sócio da boate, fazia promoção e venda de ingressos para as festas universitárias, inclusive, a “Agromerados”, realizada em 27/01/13, quando houve o incêndio na casa noturna. “A Kiss tinha a melhor estrutura da cidade, era a mais bonita”.

No dia do incêndio, Stenio chegou no local à tarde onde permaneceu até por volta da meia noite e meia. Ele estima que naquela noite tenha vendido 298 ingressos. Conforme o relato, a prestação de contas era importante porque, a partir dela, a administração da Kiss calculava o número de pessoas que poderiam entrar na casa. Afirmou que o controle de público foi adotado depois que eles receberam reclamações de clientes quando o estabelecimento estava lotado (essa lotação teria ocorrido apenas no ano de 2011, segundo a testemunha).

“Havia um planejamento para limitar a 800 o número de pessoas que entravam na casa”, ressaltou. “Quando a festa não estava muito boa, a orientação era trancar a fila”, explicou Stenio, referindo-se a uma estratégia utilizada para dar a sensação ao público externo de que havia movimento na casa noturna.

O ex-promoter lembrou que assistiu, uma semana antes, apresentação da Banda Gurizada Fandangueira em um pavilhão do Centro de Eventos da UFSM, com uso de pirotecnia, ocasião em que viu faíscas saindo do artefato, o que incomodou ele e pessoas que estavam próximas, que se afastaram. Stenio não comunicou o fato aos organizadores do evento. “Na Boate Kiss, eu nunca tinha visto algo assim (show pirotécnico)”, ao contrário de garrafas de espumantes com velas indoor acesas dentro delas. “Isso, para nós, era normal”.

De acordo com a testemunha, a contratação da Gurizada Fandangueira foi feita por Kiko com Danilo (gaiteiro da banda falecido no incêndio), por sugestão das turmas de universitários que estariam celebrando naquela noite e que gostavam do estilo musical tocado pelo grupo. Segundo ele, a concentração de público na pista se dava justamente por isso, porque as pessoas (estudantes de áreas rurais, como Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, entre outros) gostavam desse tipo de som.

Em relação à comanda, ela era obrigatória para consumo e acerto final da conta. E a contagem de público era feita através dela. Era comum o “giro” na casa (fluxo de entrada e saída de público). “Muita gente saía na troca de banda. Por exemplo, após apresentação da banda de rock era comum o pessoal sair porque viria uma banda que tocava sertanejo”. A contabilização das festas era feito por Ângela, irmã de Kiko, uma das gerentes do estabelecimento.

Stenio informou que trabalhava direto com Kiko. Via Mauro por lá, mas se recorda de poucas vezes ter falado com ele. “Tínhamos conhecimento de que era sócio, mas não me recordo de ter me reportado a ele nem recebido algum tipo de ordem”. Ele confirmou o que disse em depoimento anterior de que “Kiko batia no peito e dizia: ‘é tudo comigo’”. A acusação confrontou pontos de depoimento dado pela testemunha à polícia, que foram no sentido de que Mauro teria influência no local, e ele informou ter sido pressionado e não recordar de algumas informações prestadas.

Sabia pouco sobre obras realizadas na boate para promover o isolamento acústico. “O que chamou atenção foi que a pedra (que foi colocada para fazer o revestimento, conforme projeto arquitetônico) representava que estava sendo gasto para fazer essa obra. Mas eu nunca perguntei nada a respeito”, disse a testemunha. Ouviu comentários que o investimento foi alto, mas não tem ideia de valores. Stenio disse que, em razão das reclamações de uma determinada vizinha, soube que Kiko teria “praticamente reformado o apartamento dela” para tentar resolver o problema.

Recorda de haver extintores no fundo da casa, próximo ao banheiro e ao palco, e no pub. “Eu tinha 20 anos e não cuidava isso, na época”. Havia placas de sinalização, mas não soube dizer quais eram. A boate também tinha câmeras instaladas, mas que não funcionavam.

Fonte: Asscom TJRS

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